Papa Francisco recebeu o Patriaca Gregorios III Laham
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O Papa Francisco
recebeu em audiência nesta quinta-feira, 18, no Vaticano, o patriarca greco-melquita
de Damasco, Gregorios III Laham. Entrevistado pela Radio Vaticano o Patriarca falou
sobre a guerra na Síria: Dom Laham: "Infelizmente, na Europa e nos Estados Unidos
fala-se somente de armamento ou não armamento. É realmente uma pena pensar somente
nesses termos. Não se fala de esforços mais sérios, realistas e eficazes para a paz.
Armamento ou não armamento, não é esse o ponto! Nós somos as vítimas dessa hesitação.
Neste momento, temos muitos cristãos entre as vítimas. Tudo isso como se nada tivesse
acontecido! Há uma clara injustiça na consideração, na avaliação da situação. Morremos,
todos os dias somos vítimas do caos, corremos o risco de ser sequestrados, de permanecer
vítimas de alguma explosão, e esta explosão poderia ser de uma escola, uma fábrica,
uma universidade, contra pessoas que caminham pelas ruas, uma igreja. O problema não
é armamento ou não armamento. O problema é como fazer a paz nesta terra que, como
disse o Santo Padre, está sofrendo. Já são dois anos de Via Sacra." O Patriarca
olhando para o conflito e tendo em conta o impacto sobre os países vizinhos, como
Líbano, Jordânia e Israel adiantou ainda a sua visão para o futuro daquela região: Dom
Laham: "Colocamos as nossas esperanças neste encontro que se realizará em junho próximo
entre Putin e Obama. Esperamos que os dois países possam chegar a um acordo sobre
como sair da crise e não sobre armamentos. Se ficarmos nessa dialética de armamento
ou não armamento e a quem fornecer armas, só teremos mais combates, mais vítimas,
mais misérias e sofrimentos no Médio Oriente. Neste momento o Líbano corre mais perigos
do que a Síria, porque é mais frágil, mais dividido, é um pequeno país e os seus problemas
são graves. Beirute queima todos os dias, estamos constantemente ameaçados. A Jordânia
ainda se salva, a Palestina sofre no entanto, Gaza sofre, estão divididos; o Iraque
está traumatizado, sempre vítima de explosões, atentados e divisões internas. É por
esta razão que fazer a paz na Síria significa fazer a paz em todo o Médio Oriente.
É o melhor passo para a paz na Palestina e para a solução do conflito israelense-palestino.
As relações entre Oriente e Ocidente estão condicionadas por uma solução justa e equitativa
dos problemas da Síria."