2013-04-17 18:43:12

Terra Santa: "Que a voz do Papa seja escutada", diz Pe. Neuhauss


Cidade do Vaticano (RV) – A Igreja de Jerusalém, com suas expectativas e suas dificuldades, foi o foco das atenções do Papa Francisco na última segunda-feira, quando recebeu em audiência o Patriarca Latino da Cidade Santa, Dom Fouad Twal. Entre os presentes no encontro, o Vigário Patriarcal para os católicos de língua hebraica, o jesuíta Padre David Neuhauss. Alessandro de Carolis, da Rádio Vaticano, conversou com ele sobre o encontro:

Pe. Neuhauss: “O Patriarca enfatizou o fato que o Papa é um homem de escuta e notou também que o Papa sabe muito sobre o Oriente Médio, é muito, muito informado sobre a nossa situação. Nós temos sempre a esperança que o Papa, com a sua voz e a sua autoridade moral, possa dar a sua contribuição ao diálogo entre as diversas partes”.

RV: O Senhor, em particular, se ocupa dos católicos de proveniência hebraica e daqueles integrados na sociedade, que falam a língua hebraica....

Pe. Neuhauss: “É uma pequena minoria esta de proveniência hebraica; tantíssimos outros são parentes de judeus, operários, estrangeiros, que buscam asilo em Israel. Tem ainda o fenômeno, não muito conhecido, das crianças árabes, palestinos-árabes, formados e educados nas escolas judaicas, que conhecem quase que unicamente o hebraico. O nosso vicariato, então, que trabalha com estas populações, tem uma comunidade de fiéis muito diversificada”.

RV: Que tipo de experiência humana e espiritual vocês vivem com estas pessoas?

Pe. Neuhauss: “A primeira coisa é tentar transmitir a fé. Os pais, frequentemente, conhecem bem a fé e viveram a fé em uma comunidade cristã. O nosso trabalho principal é ser Igreja com estas crianças, na língua que eles entendem melhor: a língua hebraica. Nós devemos encontrar a maneira para proclamar claramente, com autenticidade, a nossa fé na língua hebraica. Isto quer dizer também viver um profundo diálogo com os judeus, com a tradição judaica. Somos chamados também a viver em unidade profunda com os fiéis de língua hebraica e de língua árabe. Quando me apresentei ao Papa lhe disse: 'Não sou somente jesuíta entre os diocesanos, mas sou também judeu entre os árabes”.

RV: Existe um dado preocupante, revelado recentemente pelo Centro islâmico-cristão, que diz respeito à diminuição constante dos cristãos, que já estão reduzidos nos territórios palestinos em torno a 1%. Como o Patriarcado trata esta situação?

Pe. Neuhauss: “Esta sempre foi uma grande preocupação do Patriarcado. Devemos destacar que isto não acontece somente devido à imigração, pela qual os melhores de nós deixam o País e buscam um futuro melhor para seus filhos, mas existe também outro motivo muito importante: as nossas famílias são muito menores em relação às muçulmanas ou judaicas; somos a parte da população que tem uma formação melhor e escolhemos não ter tantos filhos. Assim, não acredito que se deva basear muito em estatísticas. As estatísticas são importantíssimas, sem dúvida alguma, mas acredito que devemos ser muito conscientes que a nossa vocação é aquela de ser um pequeno grupo, uma pequena Igreja, feita para a grande maioria”.

RV: Recentemente vocês se manifestaram contra a decisão do Hamas de proibir as salas de aula mistas. Qual é a posição em relação a isto?

Pe. Neuhauss: “Nós estamos preocupados com isto. Não queremos esta segregação, especialmente nas escolas católicas. Nós queremos que as nossas crianças recebam uma educação segundo o espírito da Igreja. Devo dizer, porém, que existe um diálogo com as autoridades do Hamas: os chefes do Hamas reconhecem o valor da escola católica em Gaza e também entre os chefes existem aqueles que mandam seus filhos a estas escolas. Nós, assim, temos sempre a esperança do diálogo e somos sempre otimistas. Somos chamados, de fato, a ser otimistas e uma comunidade de esperança.”

RV: A situação do Oriente Médio foi lembrada na 'Urbi et Orbi' do Papa Francisco na manhã da Páscoa, com um apelo para que seja encontrada a concórdia, que há muito tempo falta entre os israelenses e palestinos. Qual é o seu desejo?

Pe. Neuhauss: “Que a voz do Papa seja escutada. Estou certo que os dois povos estejam convencidos de que chegou o tempo. O discurso, porém, não é um discurso de paz. Nós, assim, devemos rezar para que os nossos chefes políticos comecem um discurso de paz e de justiça. Todos falam só da vitória, mas aqui devemos encontrar a maneira de falar com respeito e compreensão para com o outro, para chegar àquilo que o Papa quer e que nós todos queremos”.

(JE)










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