Juiz de Fora (RV) - A Páscoa é o grande momento do nascimento da Igreja. A
partir da experiência da ressurreição de Jesus, ergue-se o edifício da Igreja. Os
apóstolos e os discípulos, que, em sua maioria, haviam fugido assustados na hora da
Paixão, sentem-se fortalecidos pela experiência de que Jesus, aquele que morreu na
cruz, está vivo. Mas não no sentido de que tenha voltado à nossa vida. Está vivo de
uma maneira nova e mais plena. A morte já não tem poder sobre Ele. Ou melhor, Ele
venceu a morte. Deus o ressuscitou. E Ele aparece aos seus discípulos.
Estamos
diante de um relato da aparição de Cristo ressuscitado. Agora, no texto de João 21,1-19,
acontece às margens do mar de Tiberíades. Não entendamos de maneira errada a palavra
aparição. Não é o órgão da visão que é exigido, mas a fé. Por isso, ao ouvir ou ler
“aparição”, devemos compreender que Ele se dá a conhecer. Depois da morte e ressurreição
do Senhor, a vida dos discípulos continua. É na lida do dia-a-dia que o Senhor se
faz sentir e oferece os sinais de sua presença.
Simão Pedro, que, ao longo
de todo o quarto evangelho, não é propriamente o homem da fé, porque depende do “discípulo
que Jesus amava”, será quem , em alguns versículos, dirá:”É o Senhor!”.
O
diálogo de Jesus com Simão Pedro adquire, então, toda importância, pois se trata de
fundar a missão de Pedro como ”primeiro entre iguais” num mandato do Senhor: “Apascenta
minhas ovelhas (cordeiros)”: Segue-me. Porque essa missão lhe é confiada pelo Senhor,
será necessário quer Pedro o ame mais do que tudo.
É nesse sentido que deve
ser compreendida a pergunta de Jesus: “Simão, filho de João, tu me amas mais que estes?”
É
preciso que percebamos que esse mesmo Jesus faz essa pergunta para cada um de nós.
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Eurico dos Santos Veloso Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)