Francisco: que o Senhor nos salve das fantasias triunfalistas; serve-nos a graça da
perseverança
Cidade do Vaticano (RV) - No seguimento de Cristo caminha-se com perseverança
e sem triunfalismos. Foi o que afirmou o Papa Francisco na missa celebrada na manhã
desta sexta-feira na Casa Santa Marta, no Vaticano, da qual participaram os funcionários
da Livraria Editora Vaticana, conduzidos pelo diretor, Pe. Giuseppe Costa; e pelos
funcionários da Farmácia e da perfumaria vaticanas.
Quando Deus toca o coração
de uma pessoa, dá uma graça que vale uma vida, não faz uma "magia" que dura um momento.
Em sua homilia, o Santo Padre retornou ao clima de agitação imediatamente sucessivo
à morte de Jesus, quando o comportamento e a pregação dos Apóstolos acabaram na mira
dos fariseus e doutores da lei.
O Papa retomou as palavras de Gamaliel, citadas
nos Atos dos Apóstolos, um fariseu que adverte o Sinédrio que queria atentar contra
a vida dos Discípulos de Cristo, porque – recordou – o clamor suscitado no passado
por profetas que se revelaram falsos logo em seguida se desfez junto a seus prosélitos.
A
sugestão de Gamaliel foi esperar e ver o que aconteceria com os seguidores do Nazareno.
Francisco observou que este "é um conselho sábio também para a nossa vida, porque
o tempo é o mensageiro de Deus":
"Deus nos salva no tempo, não no momento.
Às vezes faz milagres, mas na vida comum nos salva no tempo", nos salva "na história",
na "história pessoal" de cada um.
Em seguida, com agudez, o Santo Padre acrescentou:
o Senhor não se comporta "como uma fada com a varinha mágica; não".
Pelo contrário,
concede "a graça e diz, como dizia a todos aqueles que Ele curava: 'Vai, caminha'.
E o diz também a nós: 'Caminha em tua vida, dá testemunho de tudo aquilo que o Senhor
faz conosco'."
A esse ponto, o Papa Francisco observou "uma grande tentação"
que se alberga na vida cristã, "a tentação do triunfalismo". "É uma tentação – afirmou
– que também os Apóstolos tiveram".
É uma tentação que Pedro teve quando assegurou
solenemente que jamais renegaria o seu Senhor. Ou o povo após ter assistido à multiplicação
dos pães.
"O triunfalismo não é do Senhor – ponderou. O Senhor veio à Terra
humildemente. Viveu a sua vida durante 30 anos na normalidade, cresceu como uma criança
normal, passou pela provação do trabalho, a provação da Cruz. Depois, ressuscitou."
Portanto,
prosseguiu, "o Senhor ensina que na vida não é tudo mágico, que o triunfalismo não
é cristão". A vida do cristão é feita de uma normalidade vivida, porém, com Cristo,
todos os dias:
"Essa é a graça que devemos pedir, a graça da perseverança.
Perseverar no caminho do Senhor, até o fim, todos os dias", exortou.
"Que o
Senhor nos salve das fantasias triunfalistas." O triunfalismo não é cristão, não é
do Senhor. O caminho de todos os dias, na presença de Deus, essa é a estrada do Senhor."
(RL)