Egito: muçulmanos e cristãos unidos contra violência sectária
Cairo (RV) – Mais de 5 mil egípcios - cristãos e muçulmanos -, foram às ruas
em protesto contra as violências ocorridas nas cercanias da Catedral de São Marcos
(Abbasya), Cairo, no último domingo. Aos gritos de 'muçulmanos e coptos lado a lado
para construir um novo amanhecer' e 'coptos e muçulmanos são filhos do Egito', os
manifestantes saíram do centro do Cairo e foram até a Catedral. A manifestação foi
organizada por diversos movimentos surgidos após a 'revolução' e contou com a participação
de cidadãos comuns, sobretudo muçulmanos, que quiserem expressar sua solidariedade
aos colegas, amigos e vizinhos cristãos.
Um dos muçulmanos presentes na manifestação,
Hisham el-Shazly, afirmou que “eu jurei para mim mesmo que iria participar da manifestação.
Os meus vizinhos são coptos e eu não podia deixar de manifestar meu apoio a eles”.
Ele acrescentou que “não existem motivos para divisão entre cristãos e muçulmanos,
todos somos habitantes deste país. Os cristãos não são aliados dos muçulmanos, pois
os aliados podem ir embora, mas os cristãos são habitantes do Egito. Este regime é
que está tentando dividir irmãos e irmãs, pais e filhos”, denunciou. “Eu tenho dito
aos meus amigos para abrirem o olho neste sentido, de que não existe diferença entre
cristãos e muçulmanos. É o regime que quer colocar uma comunidade contra a outra para
poder manter o controle sobre o País”, afirmou.
Magdi Mina, 27, porta-voz da
organização dos direitos humanos que atua no país 'Maspero Youth Union', afirmou à
Agência Asianews que “entre cristãos e muçulmanos não existe divisão. Ambas as comunidades
são favoráveis à unidade entre todos os egípcios”. Ela criticou os artigos veiculados
na imprensa egípcia que responsabilizam os cristãos coptos pelos incidentes, obrigando
a polícia a intervir. “Eu estava presente e vi como tudo aconteceu. O ataque – afirma
– foi lançado por alguma pessoas infiltradas no cortejo fúnebre dos 4 cristãos mortos
no dia anterior no bairro de al-Khosoos. Os bandidos começaram a lançar pedras e coquetéis
molotov contra nós. A polícia respondeu lançando bombas de gás lacrimogêneo dentro
da Catedral, mas alguns dispararam, matando duas pessoas”.
Para Magdi Mina,
a Irmandade Muçulmana, entre eles o Presidente Morsi, continuam a mentir, ao desconsiderar
estes fatos e manifestar um aparente apoio moral aos cristãos. Em protesto contra
o regime, no último 9 de abril alguns deputados cristãos saíram do Conselho da Shura,
de maioria islâmica.