Cidade do Vaticano (RV) – Faltam exatamente 100 dias para a Jornada Mundial
da Juventude Rio 2013.
Também a Rádio Vaticano está se preparando para cobrir
o evento. Nossa emissora estará presente no Rio com sete correspondentes de sete
línguas: português, inglês, francês, espanhol, alemão e polonês.
Para recordar
esse marco dos 100 dias, o Programa Brasileiro propõe a reflexão do Diretor dos Programas
da RV, Pe. Andrea Koprowski:
“A JMJ no Brasil terá inúmeros elementos novos.
Antes de tudo, será sediada por um país muito empenhado na Missão Continental e na
crescente consciência da missionariedade da Igreja; além disso, a maioria dos participantes
provirá dos países vizinhos, em que se respira uma fé comunitária, alegre, amadurecida
graças ao esforço realizado em conjunto na Missão Continental, fruto da Conferência
de Aparecida, e bem diferente da superficialidade e da alegria parcial que as seitas
oferecem. Não só: o ponto de referência da próxima JMJ será o Papa Francisco, proveniente
da vizinha Argentina, mas já portador de um olhar universal da Igreja no mundo.
Há,
ainda, outra bela coincidência: a realidade e força da Cruz e da Ressurreição de Cristo,
presente nos discursos do Papa Francisco, tocam diretamente os difíceis problemas
do mundo de hoje. O Cardeal Bergoglio já esteve no Rio no passado como bispo, mas
por ocasião da JMJ será a primeira vez que visitará a cidade como Papa.
Ele
tem um profundo conhecimento daqueles que são, hoje, os principais problemas da América
Latina e a sua participação em Aparecida foi importante. O Papa Francisco pode, portanto,
levar uma mensagem essencial para a vida dos jovens: não querer o supérfluo. Mas o
que levarão os europeus, os asiáticos, os poucos, mas presentes jovens africanos?
A América Latina tem um seu modo de viver a fé, um modo mais intenso. A alegria será
o presente mais belo de quem irá ao Rio. Além do mais, o acolhimento é uma característica
especial da cidade e isso impressionará os jovens. Como tudo isso produzirá frutos
para todos? ‘Para todos’ significa muito: 10 mil voluntários de diferentes países,
e cerca de dois milhões de participantes de todo o mundo. ‘Frutos’ não somente para
eles, mas para sua fé, para o estilo de levar o cristianismo no ‘Pátio dos Gentios’,
nos mecanismos da sociedade civil de hoje.
As JMJs são uma festa de amizade,
de fé, de alegria, de comunhão. E o Papa Francisco nos recorda o contexto mais amplo:
‘A Igreja é enviada por Cristo ressuscitado a transmitir aos homens a remissão dos
pecados, e assim fazer crescer o Reino do amor, semear a paz nos corações, para que
se afirme também nas relações, nas sociedades e nas instituições. E o Espírito de
Cristo Ressuscitado afasta o medo do coração dos Apóstolos e os leva a sair do Cenáculo
para levar o Evangelho. Tenhamos também mais coragem para testemunhar a fé no Cristo
Ressuscitado! Não tenhamos medo de ser cristãos e de viver como cristãos!’ (Regina
Caeli, 7 04 2013).
O contexto atual difícil dos mecanismos que orientam a realidade
das sociedades civis, da cultura do mundo de hoje, deve ser penetrado pelo estilo
de vida cristão, para romper a escravidão dos mecanismos, pelo menos para criar um
clima de sede de verdade, de dignidade da pessoa humana, criada à imagem e à semelhança
de Deus, responsável por toda a Criação.
O Rio tem a maior reserva do mundo
de biodiversidade e abrigou, um ano atrás, a ‘Rio + 20’, o vértice mundial sobre desenvolvimento
sustentável que estabeleceu um compromisso comum dos países mais desenvolvidos, daqueles
menos desenvolvidos, das economias emergentes, do Grupo dos Brics, Brasil, Índia,
China, África do Sul: trata-se de um empenho para construir uma green economy,
uma economia baseada no uso sustentável dos recursos naturais e dos recursos energéticos.
A Jornada Mundial da Juventude é o melhor contexto para dar sequência a esta visão
solidária, mas também para se perguntar: em que medida é real o esforço dos países
e “dos mecanismos”? A Amazônia, “pulmão do mundo” será realmente salva, ou prevalecerão
as lobbies e os interesses internacionais? O documento final que se quer apresentar
no Rio já tem um título muito significativo: “The Future We Want”, “O futuro que queremos”.
Mas o documento não basta: a destruição da floresta amazônica, como também o mercado
da droga, dependem do clima cultural no mundo, da demanda econômica, mas também do
testemunho que os participantes da JMJ levarão para seus respectivos países.
Joseph
Ratzinger, quando jovem teólogo, em 1969 escreveu: «Da crise atual emergirá uma Igreja
que terá perdido muito. Tornar-se-á pequena e deverá partir mais ou menos do início.
(…) Partirá dos pequenos grupos, dos movimentos e de uma minoria que colocará novamente
a Fé no centro da experiência. Será uma Igreja mais espiritual, que não assumirá um
mandato político flertando ora com a Esquerda, ora com a Direita. Será pobre e se
tornará a Igreja dos indigentes. Então as pessoas olharão para este pequeno rebanho
de fiéis como a algo de totalmente novo: e verão nele uma esperança para si mesmos,
a resposta que sempre procuraram em segredo». (Joseph Ratzinger, 24 de dezembro de
1969: conclusão do ciclo de lições radiofônicas na Hessian Rundfunk, republicado no
volume Faith and the Future, editado pela Ignatius Press). A JMJ do Rio repropõe esta
pergunta! Como fazer para que a alegre comunidade de cerca de dois milhões de jovens
provenientes de todos os continentes ajude a humanidade a descobrir uma esperança
para si mesma, a encontrar a resposta que procura em segredo, a descobrir um estilo
de vida que respeite os outros?
Fazemos votos, então, que o clima da JMJ encontre
uma continuação eficaz justamente como sinal do crescimento orgânico da missão do
Corpo de Cristo para a vida do mundo.”