Card. Koch e o encontro sobre 'Novos movimentos religiosos'
Cidade do Vaticano (RV) – Realiza-se em Roma nestes dias o Simpósio Internacional
abordando o tema “Evangélicos, pentecostais, carismáticos. Os novos movimentos religiosos,
um desafio para a Igreja Católica”.
O encontro, promovido pela Conferência
Episcopal alemã e realizado na Casa Bonus Pastor, na Via Aurélia, viu apresentados
diversos estudos, realizados em países representantes dos 5 continentes. Estudiosos,
pesquisadores e teólogos estiveram presentes para apresentar e debater os resultados
das pesquisas. A Rádio Vaticano entrevistou o Presidente do Pontifício Conselho para
a Promoção da Unidade dos cristãos, Cardeal Kurt Koch, sobre este encontro.
RV:
Da Igreja Evangélica às Igrejas Evangélicas, sobretudo às pentecostais: a Conferência
Episcopal alemã promove aqui em Roma uma Conferência a qual o senhor foi convidado.
Em que medida isto representa um desafio para a Igreja Católica na Alemanha, ou nos
países de língua alemã, se comparado, por exemplo, à América Latina? Card.
Koch: “Esta iniciativa diz respeito ao meu predecessor, Card. Kasper, quando
ainda era bispo de Rottenburg-Stuttgart e dirigia a sessão “Igreja universal”. Agora
a sessão “Igreja universal' se ocupa intensamente, há algum tempo, destes problemas
e por isto organiza este congresso sobre pentecostalismo; me pediram para assumir
o patrocínio desta iniciativa e de fazer o pronunciamento final. Sou agradecido por
esta iniciativa porque o pentecostalismo é hoje, de um ponto de vista numérico, a
segunda realidade depois da Igreja católica. É necessário, assim, falar de uma 'pentecostalização'
do cristianismo: é uma situação completamente nova, para o ecumenismo. E para mim
é importante poder observar atentamente como este pentecostalismo se manifesta na
América latina, na África, na Ásia e na Europa para poder depois refletir sobre a
forma de continuar e aprofundar o diálogo ecumênico..”. RV: Existe alguma
dificuldade no diálogo ecumênico, levando em consideração que não existe uma real
unidade nas Igrejas pentecostais, no sentido de que não exista um referencial? Card.
Koch: “Esta é a real dificuldade: existem, de fato, tantas comunidades e agrupamentos
deste tipo. É muito difícil saber como conduzir este diálogo. Penso que, do ponto
de vista do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, podemos avaliar
esta situação somente em colaboração com as Conferências Episcopais nacionais”. RV:
E do ponto de vista teológico e pastoral que questionamentos poderiam ser feitos diante
desta realidade? Card. Koch: “A pergunta que devemos nos fazer é,
obviamente: 'por que tantos fiéis saem da nossa Igreja e se unem a estes grupos? Que
coisa os atrai? Isto implica também num exame de consciência da nossa parte, sem,
no entanto, usar os métodos de evangelização problemáticos usado por estes grupos...Acredito
que as questões teológicas principais dizem respeito ao papel e ao significado do
Espírito Santo na teologia, ou seja, da experiência de fé em vista da consciência
da fé. Estes são desafios decisivos. Ao lado disto existem reagrupamentos fortemente
sincréticos, nos quais se torna difícil encontrar o fundamento cristão”. (JE)