Francisco: é o amor de Deus que salva, não o dinheiro, o poder ou a vaidade
Cidade do Vaticano (RV) - "Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho
único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3,16):
partindo dessa afirmação de Jesus contida no Evangelho proposto pela liturgia do dia,
o Papa desenvolveu a sua breve homilia na missa que presidiu na manhã desta quarta-feira
na Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano.
Concelebraram com Francisco o decano
do Colégio cardinalício, Cardeal Angelo Sodano, e o arcipreste da Basílica Vaticana,
Cardeal Angelo Comastri. Participaram da celebração alguns funcionários da Fábrica
de São Pedro e a responsável pelos assuntos internos do governo italiano, Anna Maria
Cancellieri, acompanhada de familiares.
"O Senhor – disse o Papa – salva-nos
com o seu amor: não nos salva com uma carta, com um decreto, mas salvou-nos com o
seu amor." Um amor tão grande que o leva a enviar o seu Filho que "se fez um de nós,
caminhou conosco... e isso nos salva".
Mas – perguntou-se o Santo Padre -,
"o que significa essa salvação? O que significa ser salvos?" Significa reaver através
do Senhor "a dignidade que perdemos", a dignidade de sermos filhos de Deus. Significa
reaver a esperança.
Essa dignidade cresce "até o encontro definitivo com Ele.
Esse é o caminho da salvação, e isso belo: somente o amor o faz. Sejamos dignos, sejamos
mulheres e homens de esperança. Isso significa ser salvos pelo amor.
Mas o
problema – ressaltou – é que por vezes queremos salvar-nos por conta própria "e cremos
poder fazê-lo", baseando nossas seguranças, por exemplo, no dinheiro, e pensamos:
"sinto-me seguro, tenho dinheiro, tudo... não há problema... Tenho dignidade: a dignidade
de uma pessoa rica".
Mas isso "não basta. Pensemos naquela parábola do Evangelho,
naquele homem que tinha o celeiro repleto e disse: 'Construirei outro celeiro para
ter mais e depois dormirei tranquilo'. E o Senhor lhe diz: 'Insensato! Esta noite
morrerás'. Esse tipo de salvação é insuficiente, é uma salvação provisória, é também
uma salvação aparente!".
Outras vezes – prosseguiu – "pensamos salvar-nos com
a vaidade, com o orgulho, não é mesmo? E nos acreditamos potentes. Também isso é ilusório.
Mascaramos a nossa pobreza, mascaramos os nossos pecados com a vaidade, com o orgulho...
também isso acaba".
Mas "a verdadeira salvação" – reiterou – está na dignidade
que Deus nos dá novamente, na esperança que Cristo nos deu na Páscoa. "Façamos hoje
um ato de fé, 'Senhor, eu creio. Creio no Teu amor. Creio que o Teu amor me salvou.
Creio que o Teu amor me deu aquela dignidade que não tinha. Creio que o Teu amor me
dá a esperança'" – foi o convite do Papa Francisco.
E "somente o amor de Deus"
pode dar a verdadeira dignidade e a verdadeira esperança. "É belo crer no amor – concluiu
o Papa –, essa é a verdade. É a verdade da nossa vida. Façamos essa oração: 'Senhor,
creio no Teu amor. E abramos o coração a fim de que esse amor venha, nos preencha
e nos impulsione a amar os outros'. Assim seja". (RL)