Moçambique - Conflito em Sofala entre homens armados da Renamo e agentes policiais
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Esta quinta-feira,
4, a vila de Muxúnguè, acordou debaixo do cheiro de pólvora. Por volta das 4 horas
da madrugada, homens armados da Renamo, o maior partido da oposição de Moçambique,
atacaram o Posto Policial de Muxúnguè, no distrito de Chibabava, província de Sofala,
no centro do país. O tiroteio envolvendo os agentes das Forças de Defesa e Segurança
de Moçambique e os ex-guerrilheiros da Renamo, resultaram segundo dados oficiais,
na morte de 5 agentes da Força de Intervenção Rápida e 10 feridos entre graves e ligeiros.
"…não será tolerada a perturbação da ordem e tranquilidade públicas no
país" O vice-ministro do Interior de Moçambique, José Mandra, diz que não será
tolerada a perturbação da ordem e tranquilidade públicas no país. Mandra assegura
que o ataque à sede da Renamo, deveu-se ao facto de homens armados desta força política
terem há duas semanas, se acampado em lonas e palhotas algures no quartel-general
da Força de Intervenção Rápida em Muxúnguè. Esta atitude segundo o vice-ministro
do Interior, semeou um clima de medo e pavor no seio da população e o que cabia aos
agentes da polícia era dispersar com gás lacrimogéneo o grupo de ex-guerrilheiros
da Renamo para garantir a ordem, segurança e tranquilidades públicas.
"Os
homens armados da Renamo estão em prontidão combativa e que responderão à qualquer
provocação das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique" No entanto, para
o chefe do Departamento de Defesa e Segurança da Renamo, Issufo Momad, as investidas
dos homens armados desta maior força política da oposição no país, são uma resposta
às sistemáticas provocações dos agentes da Força de Intervenção Rápida de Moçambique,
os quais nesta quarta-feira teriam invadido a sede da Renamo na vila de Muxunguê,
distrito de Chibabava. Issufo Momad, num tom, de que está decretado o estado de
Guerra em Moçambique, "e os homens armados da Renamo estão em prontidão combativa
e que responderão a qualquer provocação das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique". O
Chefe do Departamento de Defesa e Segurança da Renamo acrescentou que a escalada de
violência no Centro de Moçambique se deve igualmente ao facto de alegadamente o Presidente
da República, Armando Guebuza, ter propalado naquela região do país, que iria acabar
com a Renamo ainda durante o seu mandato, o qual termina em 2014. Entretanto, num
comunicado a que a Rádio Vaticano em Maputo teve acesso, emitido esta quinta-feira
pelo Ministério do Interior, o comando-geral da Polícia da República de Moçambique
afirma que nos últimos tempos tem se registado a concentração de homens armados da
Renamo erguendo acampamentos e realizando acções de preparação militar próximos as
sedes distritais e localidades, com destaque para as localidades de Gondola e Muxúnguè,
alegando estarem em actividades político-partidárias e preparação de seminários.
A
Polícia diz que também matou os atacantes! Lê-se ainda no comunicado do Comando
Geral da Polícia, que a PRM, teve de dispersar no dia 3 de Abril corrente uma concentração
de cerca de 150 homens armados da Renamo, dos quais, 15 foram aprisionados. O documento
que temos vindo a citar, confirma que do ataque ao Posto Policial de Muxúnguè pelos
homens armados da Renamo foram mortalmente baleados 5 agentes policiais e 10 feridos.
No entanto, em resposta a esta investida militar, a Polícia da Republica de Moçambique
alvejou mortalmente vários elementos do grupo atacante, incluindo o seu comandante
de nome Mazembe. Por seu turno, um comunicado de imprensa da Renamo, a que tivemos
acesso, revela que desde Novembro do ano passado que o Chefe de Estado de Moçambique,
Armando Guebuza tem mandado contingentes da Força de Intervenção Rápida fortemente
armados para atacarem as delegações da Renamo na região central do país.
A
Renamo afirma que a ofensiva foi uma retaliação Acrescenta ainda o documento
que um contingente da Polícia se dirigiu quarta-feira finda ao quartel da Renamo,
no posto administrativo de Muxúnguè, distrito de Chibabava em Sofala, onde realizou
um ataque terrorista contra os militantes deste partido da oposição, dos quais um
foi morto. Portanto, a Renamo, vê na última operação de Muxúnguè, uma retaliação
as provocações da Força de Intervenção Rápida mandatadas para o efeito pela Frelimo,
partido no poder em Moçambique, desde 1975. Já há vozes a condenarem a escalada
de violência entre os homens armados da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança de
Moçambique. O Movimento Democrático de Moçambique, a segunda maior força política
da oposição, condena veementemente a invasão dos agentes da Polícia moçambicana à
sede da Renamo em Muxúnguê.
"O povo moçambicano, já derramou sangue por
cerca de duas décadas de guerra civil, já não há espaço para guerra" Por seu
turno, o arcebispo de Maputo, Dom Francisco Chimoio, diz lamentar as invasões das
Forças de Defesa e Segurança à sede da Renamo e apela o bom senso entre as partes
e que haja diálogo para a resolução dos problemas que opõem as duas partes. "O
povo moçambicano, já derramou sangue por cerca de duas décadas de guerra civil, já
não há espaço para guerra, o povo lutou e conseguiu a paz, pelo que ninguém a deve
pôr em causa, independentemente de qualquer distinção entre as pessoas", reitera o
arcebispo de Maputo, Dom Francisco Chimoio.
O Chefe de Estado tranquiliza
a população A partir do vizinho Malawi, onde o Presidente da República de Moçambique
efectuava uma visita de Estado, Armando Guebuza, disse que o povo moçambicano não
se deve deixar intimidar pela onda de violência levada a cabo pelos homens armados
da Renamo. Armando Guebuza, acrescenta que os discursos bélicos proferidos pelos membros
da Renamo, preocupam aos moçambicanos, mas não se devem assustar por isso, pois, a
paz veio para ficar e ninguém deve pô-la em causa. De referir que a Renamo, o maior
partido da oposição em Moçambique, tem vindo desde o ano passado, a solicitar diálogos
com o Governo Da Frelimo na pessoa do Presidente da Republica, para rever alguns aspectos
emanados nos protocolos dos Acordos Gerais de Paz, assinados a 4 de Outubro de 1992
em Roma, na Itália.
A Renamo vai impedir o decurso das próximas eleições
no país A este propósito, já houve duas rondas de negociações, mas não foram
consensuais, daí que a Renamo diz não haver vontade política por parte do Governo
moçambicano para resolver as suas reclamações. Desde então, as ameaças de retorno
à guerra não páram por parte desta força maior política da oposição em Moçambique.
Ainda assim, a Renamo afirmou peremptoriamente que o seu partido não vai participar
nos próximos pleitos e impedirá o decurso das eleições autárquicas deste ano e das
presidenciais e legislativas de 2014, tudo isto, porque segundo a Renamo, a nova lei
eleitoral aprovado pelo parlamento apresenta gravosas e inaceitáveis lacunas.