Uberaba - (RV) *- O contexto da paixão e da morte de Jesus na cruz, seguido
do fato do sepulcro ter sido encontrado vazio, provocou uma situação de extrema confusão,
de incertezas e expectativa de esperança. Ele tinha ressuscitado ou não? Era o sentimento
que perpassava na mente dos discípulos, que esperavam um fim diferente para o Mestre. O
melhor intérprete das realidades é o tempo. Aos poucos Jesus foi confirmando estar
vivo, ressuscitado e presente no meio das comunidades. Ele foi aparecendo em diversas
ocasiões na vida dos discípulos, principalmente quando estavam reunidos. Jesus dá-se
a conhecer, mas Tomé, um dos discípulos, disse que acreditava, vendo. Tomé não
aceitou o testemunho dos apóstolos, porque não estava presente quando Jesus apareceu
para o grupo. A fé é dom de Deus e fundamentada no mistério da ressurreição. Os apóstolos
testemunharam que o Ressuscitado era o Crucificado, que venceu a morte trazendo a
vida, passando a viver além do tempo e do espaço. Sendo confirmados na fé, diz
a bíblia que Jesus soprou sobre os discípulos (Jo 20, 22). Com isto estava expressando
a ideia de uma criação renovada. É a vida que surge do sopro de Javé (Gn 2, 7), dando
às pessoas a condição de dignidade humana e divina. É um sopro de vida que significa
missão na construção do Reino de Deus. A ação dos discípulos, nos primeiros tempos
da Igreja, revela o mistério da presença do Espírito Santo na vida das comunidades
cristãs. Conforme os dizeres do livro dos Atos dos Apóstolos, o anúncio da Palavra
e o testemunho de fé dos cristãos, especialmente dos apóstolos e dos discípulos, realizavam
sinais surpreendentes na vida das pessoas e das comunidades. A ressurreição de
Jesus inaugurou o início dos novos tempos, não tendo chegado ainda na sua plenitude.
Caminhamos sob a força da esperança, sendo felizes crendo sem ter visto, porque confiamos
nas testemunhas da ressurreição de Cristo, com quem devemos ter um encontro pessoal
e íntimo através de nossa vida espiritual e convivência no relacionamento comunitário. *Dom
Paulo Mendes Peixoto Arcebispo de Uberaba.