"...Aprendamos a fazer memória daquilo que Deus fez na nossa vida" - o Papa Francisco
na homilia da Vigília Pascal
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Na homilia
da Vigília Pascal o Papa Francisco começou por relatar o que aconteceu aquelas mulheres
que vinham cumprir um preceito piedoso, afectivo, amoroso e segundo a tradição, ao
visitar o tumulo de um ente querido,como também nós fazemos lembrou o Papa:
"Elas
tinham seguido Jesus, ouviram-No, sentiram-se compreendidas na sua dignidade e acompanharam-No
até ao fim no Calvário e ao momento da descida do seu corpo da cruz. Podemos imaginar
os sentimentos delas enquanto caminham para o túmulo: tanta tristeza, tanta pena porque
Jesus as deixara; morreu, a sua história terminou. Agora se tornava à vida que levavam
antes. Contudo, nas mulheres, continuava o amor, e foi o amor por Jesus que as impelira
a irem ao sepulcro. Mas, chegadas lá, verificam algo totalmente inesperado, algo de
novo que lhes transtorna o coração e os seus programas e subverterá a sua vida: vêem
a pedra removida do sepulcro, aproximam-se e não encontram o corpo do Senhor. O caso
deixa-as perplexas, hesitantes, cheias de interrogações: «Que aconteceu?», «Que sentido
tem tudo isto?» (cf. Lc 24, 4). "
Porventura não se
dá o mesmo também connosco, quando acontece qualquer coisa de verdadeiramente novo
na cadência diária das coisas? - perguntou o Papa. Perante o inesperado não sabemos
enfrentá-lo. Temos medo. Fujimos da novidade. Paramos, não entendemos, não sabemos
como enfrentá-la. Frequentemente mete-nos medo a novidade, incluindo a novidade
que Deus nos traz, a novidade que Deus nos pede. Tememos as surpresas de Deus; temos
medo das surpresas de Deus! Ele não cessa de nos surpreender!
"Irmãos e
irmãs, não nos fechemos à novidade que Deus quer trazer à nossa vida! Muitas vezes
sucede que nos sentimos cansados, desiludidos, tristes, sentimos o peso dos nossos
pecados, pensamos que não conseguimos? Não nos fechemos em nós mesmos, não percamos
a confiança, não nos demos jamais por vencidos: não há situações que Deus não possa
mudar; não há pecado que não possa perdoar, se nos abrirmos a Ele."
As
santas mulheres do evangelho são surpreendidas por Deus. Queriam somente cumprir as
regras , o preceito e a tradição de um sentimento humano bonito mas o Senhor pediu-lhes
mais, o Senhor quer mais de cada um de nós:
"E eis que aparecem dois homens
em trajes resplandecentes, dizendo: «Porque buscais o Vivente entre os mortos? Não
está aqui; ressuscitou!» (Lc 24, 5-6). E aquilo que começara
como um simples gesto, certamente cumprido por amor – ir ao sepulcro –, transforma-se
em acontecimento, e num acontecimento tal que muda verdadeiramente a vida. Nada mais
permanece como antes, e não só na vida daquelas mulheres mas também na nossa vida
e na história da humanidade. Jesus não está morto, ressuscitou, é o Vivente!
Não regressou simplesmente à vida, mas é a própria vida, porque é o Filho de Deus,
que é o Vivente (cf. Nm 14, 21-28; Dt 5,
26, Js 3, 10). Jesus já não está no passado, mas vive no presente e lança-Se para
o futuro: é o «hoje» eterno de Deus. Assim se apresenta a novidade de Deus diante
dos olhos das mulheres, dos discípulos, de todos nós: a vitória sobre o pecado, sobre
o mal, sobre a morte, sobre tudo o que oprime a vida e lhe dá um rosto menos humano.
E isto é uma mensagem dirigida a mim, a ti, amada irmã e amado irmão. Quantas vezes
precisamos que o Amor nos diga: Porque buscais o Vivente entre os mortos? Os problemas,
as preocupações de todos os dias tendem a fechar-nos em nós mesmos, na tristeza, na
amargura… e aí está a morte. Não procuremos aí o Vivente! Aceita então que Jesus Ressuscitado
entre na tua vida, acolhe-O como amigo, com confiança: Ele é a vida! Se até agora
estiveste longe d’Ele, basta que faças um pequeno passo e Ele te acolherá de braços
abertos. Se és indiferente, aceita arriscar: não ficarás desiludido. Se te parece
difícil segui-Lo, não tenhas medo, entrega-te a Ele, podes estar seguro de que Ele
está perto de ti, está contigo e dar-te-á a paz que procuras e a força para viver
como Ele quer."
O Papa Francisco recordou ainda que é preciso fazer sempre
memória do nosso encontro com Jesus, as suas palavras, os seus gestos, a sua vida,
para aprendermos a fazer memória de Deus na nossa vida.
"Fazer memória
daquilo que Deus fez e continua a fazer por mim, por nós, fazer memória do caminho
percorrido; e isto abre de par em par o coração à esperança para o futuro. Aprendamos
a fazer memória daquilo que Deus fez na nossa vida." (R.S.)