Patriarca Ecumênico de Constantinopla foi o primeiro a participar da missa de início
de um Pontificado
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu na última quarta-feira,
20, na Sala Clementina, no Vaticano, as delegações ecumênicas e de outras religiões,
que vieram a Roma para a missa de início de seu pontificado.
Pouco antes,
o Pontífice encontrou-se com o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I,
com o qual conversou por cerca de 20 minutos e que mais tarde agradeceu como "meu
irmão André". Neste encontro também estava o Metropolita Hilarion de Volokolamsk,
chefe do Departamento das Relações Exteriores do Patriarcado de Moscou. Bartolomeu
e Hilarion doaram ao Papa dois ícones marianos. Foi a primeira vez, desde 1054 - quando
houve o cisma entre o Oriente e o Ocidente - que o Patriarca de Constantinopla assiste
à missa de início de pontificado de um Papa.
Falando sobre a missa, celebrada
na terça-feira, 19, na Praça São Pedro, o Papa Francisco ressaltou: "Reconheci espiritualmente
presentes as comunidades que vocês representam. Nesta manifestação de fé, pareceu-me
viver de maneira mais urgente a oração pela unidade de todos os fiéis em Cristo e
juntos ver de algum modo prefigurado a plena realização que depende do plano de Deus
e de nossa colaboração leal."
No encontro que seguiu-se na Sala Clementina,
o Patriarca Ecumênico de Constantinopla saudou a eleição do novo Papa "como o primeiro
bispo da venerável Igreja da antiga Roma, que preside na caridade". Bartolomeu I foi
o único líder a fazer uso da palavra durante a audiência-geral concedida a delegações
de 33 igrejas cristãs e de outras religiões, entre elas de judeus, protestantes e
muçulmanos.
Depois de recordar o Papa emérito Bento XVI, o Patriarca ecumênico
identificou na unidade das Igrejas cristãs "a primeira e mais importante das nossas
preocupações", fazendo votos de que "o diálogo teológico já iniciado continue (...),
na caridade e na verdade, em espírito de humildade e mansidão".
Referindo-se
à crise econômica que vem afetando muitos países, o patriarca pediu "a organização
de uma ação humanitária" e, voltando-se ao papa, mencionou o "longo e apreciado ministério
como Bom Samaritano na América Latina".
De acordo com o Patriarca, os cristãos
têm o dever de "alimentar os famintos, vestir os nus, curar os doentes, e, no geral,
se preocupar com aqueles que estão em necessidade, para ser dignos de ouvir do Senhor:
‘Vinde, benditos do meu Pai, recebei em herança o reino preparado para vós’".
Para
Bartolomeu I, a escolha da simplicidade e da essencialidade, feita pelo Papa Francisco,
"enche de esperança o coração de todos", porque esse critério garantirá que "a justiça
e a misericórdia, requisitos mais essenciais da lei, tenham para a Igreja a importância
primordial que merecem".
Na ocasião, Bartolomeu I, convidou o Papa Francisco
para realizar, em 2014, uma viagem conjunta à Terra Santa, em homenagem aos pioneiros
do diálogo entre católicos e ortodoxos, informou a agência Asianews.
Com essa
viagem, os dois líderes religiosos fariam uma homenagem ao histórico encontro de janeiro
de 1964, em Jerusalém, entre Paulo VI e o Patriarca Atenágoras, símbolo da reconciliação
entre Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas.
O Patriarca enfatizou que é necessário
dar um 'testemunho cristão através da unidade da Igreja' e encarar a crise econômica
mundial e as 'tendências mundanas' que reduzem a vida ao horizonte terreno. As palavras
de Bartolomeu I coincidiram com a homilia do papa durante a missa de inauguração do
pontificado.
O Patriarca Ecumênico é o Líder espiritual de aproximadamente
300 milhões de cristãos ortodoxos em todo o mundo. (JE)