"Proteger, defender, guardar bem cada pessoa e toda a criação com respeito, amor e
ternura" - uma síntese da homilia de Papa Francisco
“Proteger”, defender,
“guardar” bem cada pessoa e toda a criação, com grande respeito, amor e ternura: esta
a mensagem central da homilia do Papa Francisco na Missa de início do seu ministério
petrino, esta manhã, na Praça de São Pedro, na festa de São José, patrono da Igreja
universal. “Uma coincidência densa de significado” – observou o Papa, que recordou
ser esse o nome do seu “venerado Predecessor”: “acompanhamo-lo com a oração, cheia
de estima e reconhecimento” (aplausos). Toda a homilia se concentrou no modo como
são José viveu a sua missão de proteger e defender Jesus. “Com discrição, com
humildade, no silêncio, mas com uma presença constante e uma fidelidade total, mesmo
quando não consegue entender.” Desde o casamento com Maria até ao episódio de Jesus…no
templo de Jerusalém, ele acompanha com solicitude e amor cada momento. Permanece ao
lado de Maria… nos momentos serenos como nos momentos difíceis da vida… assim como
também na vida quotidiana da casa de Nazaré, na carpintaria onde ensinou o ofício
a Jesus…
… José a sua vocação de guardião de Maria, de Jesus, da Igreja… numa
constante atenção a Deus, aberto aos seus sinais, disponível mais ao projecto d’Ele
que ao seu… Nele, queridos amigos, vemos como se responde à vocação de Deus: com disponibilidade
e prontidão; mas vemos também qual é o centro da vocação cristã: Cristo. Guardemos
Cristo na nossa vida, para guardar os outros, para guardar a criação! – sublinhou
o Papa.
“Entretanto a vocação de guardião não diz respeito apenas a nós, cristãos,
mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos:
é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Génesis
e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e
pelo ambiente onde vivemos. É guardar as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas
e cada uma, especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis
e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração.”
Proteger e “guardar”
como José – advertiu Papa Francisco, é também “viver com sinceridade as amizades,
que são um mútuo guardar-se na intimidade, no respeito e no bem. Fundamentalmente
tudo está confiado à guarda do homem, e é uma responsabilidade que nos diz respeito
a todos. Sede guardiões dos dons de Deus”.
Quando o homem falha nesta responsabilidade,
quando não cuidamos da criação e dos irmãos, então tem lugar a destruição, o coração
fica ressequido…
“Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade
em âmbito económico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade:
sejamos «guardiões» da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões
do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o
caminho deste nosso mundo! Mas, para «guardar», devemos também cuidar de nós mesmos.
Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida; então guardar quer dizer
vigiar sobre os nossos sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas
intenções e as más: aquelas que edificam e as que destroem. Não devemos ter medo de
bondade, ou mesmo de ternura.”
Papa Francisco insistiu: “cuidar, guardar requer
bondade, requer ser praticado com ternura” São José é homem forte, corajoso, trabalhador,
mas, no íntimo, sobressai uma grande ternura, que não é a virtude dos fracos, antes
pelo contrário denota fortaleza de ânimo e capacidade de solicitude, de compaixão,
de verdadeira abertura ao outro, de amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura!
Neste
contexto, o Papa fez uma referência – a única – ao “início do ministério do novo Bispo
de Roma, Sucessor de Pedro”, que – reconheceu – “inclui também um poder… Jesus deu
um poder a Pedro, mas de que poder se trata?”
“Não esqueçamos jamais que o
verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar
sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz; deve olhar para
o serviço humilde, concreto, rico de fé, de São José e, como ele, abrir os braços
para guardar todo o Povo de Deus e acolher, com afecto e ternura, a humanidade inteira,
especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos, aqueles que Mateus
descreve no Juízo final sobre a caridade: quem tem fome, sede, é estrangeiro, está
nu, doente, na prisão (cf. Mt 25, 31-46). Só quem serve com amor é capaz de proteger.”
A
concluir. Papa Francisco referiu ainda a segunda Leitura, em que São Paulo fala de
Abraão, que acreditou «com uma esperança, para além do que se podia esperar». Hoje,
em dia, perante tantas nuvens escuras, há muita necessidade de esperança!
“Guardar
a criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de ternura e amor, é abrir o horizonte
da esperança, é abrir um rasgo de luz no meio de tantas nuvens, é levar o calor da
esperança!”
“Guardar Jesus com Maria, guardar a criação inteira, guardar toda
a pessoa, especialmente a mais pobre, guardarmo-nos a nós mesmos: eis um serviço que
o Bispo de Roma está chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados,
fazendo resplandecer a estrela da esperança: Guardemos com amor aquilo que Deus nos
deu! Peço a intercessão da Virgem Maria, de São José, de São Pedro e São Paulo,
de São Francisco, para que o Espírito Santo acompanhe o meu ministério, e, a todos
vós, digo: rezai por mim! Amém!”