Papa Francisco: "Edificar a Igreja no sangue do Senhor"
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco presidiu a celebração eucarística
na tarde desta quinta-feira, na Capela Sistina, no Vaticano, com os cardeais que participaram
do Conclave.
Em sua homilia, o novo pontífice ressaltou que viu algo em comum
nas três leituras da missa, ou seja, o movimento. "Na primeira leitura, o movimento
é o caminho, na segunda, o movimento está na edificação da Igreja, e no Evangelho,
o movimento se encontra na confissão. Caminhar, edificar e confessar", sublinhou.
A
primeira coisa que Deus disse a Abraão foi: "Caminha na minha presença e sê irrepreensível.
A nossa vida é um caminho. Quando paramos, alguma coisa está errada. Caminhar sempre
na presença do Senhor, na luz do Senhor, buscando viver com aquela irrepreensibilidade
que Deus pede a Abraão na promessa", frisou o Papa Francisco.
Depois o Santo
Padre prosseguiu com o edificar. "Edificar a Igreja, fala-se de pedras. As pedras
têm consistência, mas pedras vivas, pedras ungidas pelo Espírito Santo. Edificar a
Igreja, Esposa de Cristo, sobre a pedra angular que é o Senhor".
O terceiro
ponto da homilia do Papa foi o confessar. "Nós podemos caminhar como queremos, podemos
construir muitas coisas, mas se não confessamos Jesus Cristo, algo está errado. Tornamo-nos
uma ONG piedosa, mas não a Igreja, Esposa do Senhor. Quando não se caminha, se para.
Quando não se edifica sobre as pedras o que acontece? Sucede como acontece com as
crianças na praia quando fazem castelos de areia, tudo desaba, pois não tem consistência",
disse ainda.
O Papa lembrou-se de uma frase de Leon Bloy que diz: "Quem não
reza para Deus, reza para o diabo". "Quando não se confessa Jesus Cristo, se confessa
o mundanismo do diabo, o mundanismo do demônio", destacou.
"Caminhar, edificar-construir,
confessar, não é tão fácil, porque no caminhar, no construir, no confessar muitas
vezes existem abalados, há movimentos que não são movimentos próprios do caminho.
São movimentos que nos puxam para traz", disse ainda o Papa Francisco.
A passagem
do Evangelho proposta na liturgia prossegue com uma situação especial. O próprio Pedro
que confessou Jesus Cristo lhe disse: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Eu te
seguirei, mas não falaremos de Cruz. Isso não tem nada a ver. Eu te seguirei com outras
possibilidades, sem a Cruz".
"Quando caminhamos sem a Cruz, quando edificamos
sem a Cruz e quando confessamos um Cristo sem a Cruz, não somos discípulos do Senhor:
somos mundanos, somos bispos, sacerdotes, cardeais, papas, mas não discípulos do Senhor",
frisou o pontífice.
"Eu gostaria que todos nós, depois desses dias de graça,
tivéssemos a coragem de caminhar na presença do Senhor, com a Cruz do Senhor, de construir
a Igreja no sangue do Senhor, derramado na Cruz, e confessar a única glória, Cristo
Crucificado. E assim a Igreja caminhará para frente. Desejo a todos nós que o Espírito
Santo, a oração de Maria, nossa Mãe, nos conceda esta graça: caminhar, edificar e
confessar Jesus Cristo Crucificado", concluiu o Papa Francisco.
Uma oração
especial foi elevada a Deus para que o Papa emérito, Bento XVI, possa servir a Igreja
no recolhimento com uma vida dedicada à oração e meditação. (MJ)