Cidade do Vaticano (RV) – O anúncio da renúncia de Bento XVI em 11 de fevereiro
último, colocou em cena a figura dos Cardeais, especialmente pelo seu dever, no Conclave,
em escolher o sucessor de Pedro. Vestindo o vermelho em todo o período de 'Sé Vacante'
os cardeais representam a Igreja até à eleição de um novo Papa. Na Igreja Católica,
as roupas têm uma função crucial, porque indicam a posição hierárquica ocupada: do
cardeal ao simples padre.
Da cabeça aos pés, o emblema distintivo dos
Cardeais eleitores, os príncipes da Igreja, é sobretudo a cor vermelha, a dita púrpura
cardinalícia, a cor do Senado romano, que também lembra o sangue derramado por Cristo.
No momento em que o Papa cria Cardeal diz: “receba esta púrpura em sinal da
dignidade e do ofício de Cardeal, ela significa que você está pronto para executar
com força, de modo a dar o seu sangue para o aumento da fé cristã'.
Como os
senadores romanos, que eram definidos metaforicamente como 'parte do corpo do Imperador',
os Cardeais, que compõem o 'Senado' da Igreja, também fazem parte, desde o século
XII, 'do corpo do Papa'. Suas batinas, barrete e mozeta (capa curta) devem ser igualmente
vermelhos durante o Conclave, enquanto na vida comum a batina usada é preta com botões
vermelhos. Para os cardeais, a cor púrpura é fundamental, pois permite-lhes aproximar-se
do Papa simbolicamente, que usa exclusivamente duas cores: branco (batina e solidéu)
e vermelho (mozeta e sapatos).
Os cardeais também usam um anel, que é tradicionalmente
de safira e, mesmo que não tenha recebido a consagração episcopal, usam a cruz peitoral,
a mitra e o báculo. O título específico é de Cardeal da Santa Igreja Romana (Ecclesiae
Sanctae Romanae cardinalis).
O L'Osservatore Romano publicou no último
domingo uma longa matéria sobre o código de vestimenta a ser seguido pelos cardeais
durante a missa que antecede a abertura do Conclave, salientando a importância simbólica
desses sinais externos de poder.
Até a Instrução Ut sive sollicite,
de 31 de março de 1969, eles também usavam o chapéu vermelho cardinalício, o galero,
grande chapéu de asa larga que pendia borlas de cada lado até o peito e que foi imposto
em consistório. É ele que vemos nos braços dos cardeais.
No Império Romano,
o título de 'cardinalis' era dado para os oficiais da coroa, generais do exército,
ao prefeito pretoriano na Ásia e na África, porque cumpriam as principais funções
do império. Na Igreja, os Cardeais eram originalmente membros do clero de Roma, dependentes
do bispo de Roma, que era responsável por elegê-los.
Em 1059, na época da
reforma gregoriana, o Papa Nicolau II definiu com maior precisão o seu status. Através
da Bula ‘In nomine Domini’ reservou a eleição dos Papas exclusivamente aos
Cardeais. (JE)