Começa hoje o Conclave - Missa "Pro Elegendo Romano Pontifice" de manhã e primeira
votação à tarde
A Igreja Católica vive a partir de hoje o segundo Conclave do século XXI, no qual
115 cardeais vão eleger o sucessor de Bento XVI, que renunciou ao pontificado, obrigatoriamente
por uma maioria de dois terços. O processo começa ao início da manhã com a instalação
dos eleitores na Casa de Santa Marta, dentro no Vaticano, em quartos sorteados, e
prossegue às 10h00 locais (menos uma em Lisboa), com a missa votiva pela eleição do
Papa, na Basílica de São Pedro. A celebração conta com a participação de todos os
cardeais, uma novidade introduzida por Bento XVI, sob a presidência do decano do Colégio
Cardinalício, D. Angelo Sodano, antigo secretário de Estado do Vaticano, que não vai
entrar no Conclave por ter mais de 80 anos de idade. A partir das 16h30 de Roma,
as atenções centram-se no Palácio Apostólico do Vaticano, onde os cardeais eleitores
se vão reunir na Capela Paulina para o rito de entrada do Conclave e a procissão até
à Capela Sistina, onde decorrem os escrutínios. O Centro Televisivo do Vaticano vai
ter uma câmara fixa na chaminé da Sistina para acompanhar em direto a saída do fumo
que indica o resultado das eleições: branco, se houver maioria de dois terços [77
votos, neste caso], ou negro, se a votação tiver sido inconclusiva. A eleição é dirigida
pelo primeiro cardeal na ordem de precedência, atualmente D. Giovanni Battista Re,
prefeito emérito da Congregação para os Bispos, que preside também aos momentos previstos
pela liturgia própria. “Toda a Igreja, unida a nós na oração, invoca sem cessar
a graça do Espírito Santo para que seja eleito por nós um Pastor digno de todo o rebanho
de Cristo”, refere a oração para o início da procissão. Os cardeais rumam à capela
Sistina, rezando a ladainha dos Santos, e tomam os seus lugares ao som do hino ‘Veni,
creator Spiritus’, que invoca a ajuda do Espírito Santo. Cada um dos presentes tem
de prestar o juramento de “segredo” sobre o que diz respeito à eleição do Papa e comprometer-se
a desempenhar fielmente a sua missão caso sejam escolhidos como o novo pontífice. Terminado
o juramento, todas as pessoas estranhas à eleição saem após a ordem ‘Extra Omnes’
(todos fora): permanecem apenas o mestre das celebrações litúrgicas e o eclesiástico
escolhido para a segunda meditação, o cardeal maltês D. Prosper Grech. Caso os cardeais
decidam proceder a um primeiro escrutínio, o resultado será comunicado através do
fumo, seguindo-se a recitação da oração de vésperas e o regresso à Casa de Santa Marta. O
Conclave conta com cardeais de 48 países, incluindo dois portugueses: D. José Policarpo,
cardeal-patriarca de Lisboa, e D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor da
Santa Sé. O grupo de 115 eleitores está assim distribuído geograficamente: Europa
– 60 (incluindo 28 italianos); América Latina – 19; América do Norte – 14; África
-11; Ásia – 10; Oceânia – 1. O sucessor de Bento XVI, que renunciou ao pontificado,
será o 50.º Papa da Igreja Católica nos últimos 500 anos, desde a eleição de Leão
X a 19 de março de 1513.