2013-03-07 19:49:07

Metropolita russo deseja que novo Papa siga mesma linha de Bento XVI


Moscou (RV) – A Igreja Ortodoxa russa está agradecida a Bento XVI por sua contribuição na melhoria das relações entre Roma e Moscou e respeita sua decisão em renunciar ao Papado.

“Nós recordamos com gratidão o pontificado de Bento XVI. O Papa foi muito sensível com as inquietações da Igreja Ortodoxa”, assegurou nesta quarta-feira à Agência EFE, o Metropolita Hilarion, chefe do Departamento de Relações Exteriores do Patriarcado de Moscou. Hilarion, que se reuniu em três ocasiões com o Papa, destacou a clara visão que o Pontífice tinha das relações com a Igreja Ortodoxa russa e seu grande conhecimento dos problemas que enfrentam ambas igrejas.

“Gostaria de manifestar a esperança de que o novo papa, cujo nome ainda não conhecemos, siga a mesma linha, que seja tão sensível ao diálogo entre católicos e ortodoxos, e que esta destacada dinâmica positiva durante o papado de Bento XVI continue com seu sucessor”, afirmou Hilarion.

O chefe da diplomacia dos ortodoxos russos destacou que a Igreja Ortodoxa russa não pode questionar a decisão de Bento XVI em renunciar, e que ele “atuou como um cristão, atuou segundo sua consciência”. “Eu acredito que ele tinha em mente o pontificado anterior, quando João Paulo II sofria uma grave doença e durante muito tempo era quase incapaz de trabalhar, porém, mesmo assim, continuava no seu cargo, e outras pessoas dirigiam a Igreja em seu lugar”, afirmou. Segundo ele, Bento XVI “não queria repetir esta situação e decidiu renunciar para dar lugar a alguém mais jovem e dinâmico”.

O Metropolita assegurou que o que ocorre agora no Vaticano poderia ocorrer perfeitamente no patriarcado de Moscou, já que o Direito canônico da Igreja Ortodoxa russa também contempla a renúncia voluntária e a convocação de um sínodo de bispos para nomear o sucessor.

Sobre um possível encontro entre o futuro Papa e o Patriarca russo, Hilarion afirmou que este deveria se realizar em um local neutro, e não sem antes se chegar a um acordo sobre “comportamentos pastorais como o proselitismo e a política”. “Não nos interessa somente o ato protocolar, de dar-se as mãos diante das câmaras. Nos interessa uma melhoria significativa nas relações bilaterais”, enfatizou. Hilarion considera que a “rejeição do proselitismo deve ser mútuo e que ambas as Igrejas deveriam desenvolver suas relações não num espírito de competição e de roubar fiéis um dos outros, mas na cooperação e na aliança”.

O representante da Igreja russa acredita que ortodoxos e católicos compartilham desafios comuns, como o relativismo moral, contra o qual deveriam formar uma aliança na defesa dos valores cristãos tradicionais. “Devemos concentrar nossos esforços na defesa dos valores cristãos e morais tradicionais que atualmente estão ameaçados e são questionados pela ideologia secular”, afirmou Hilarion, que criticou os protestantes por aderirem aos partidários do relativismo moral.

O Metropolita russo denuncia que “o secularismo beligerante tem como objetivo não a aniquilação do cristianismo, mas seu desaparecimento do espaço social”. “Ser cristão segundo este secularismo agressivo – explica -, se poderia ser no templo, na comunidade social, no seio da família. Porém, este pertencer à fé cristã, não deve influenciar a vida do homem na sociedade, no seu comportamento, nas suas posturas políticas e sociais”, adverte.

Por, Hilarion falou sobre o radicalismo religioso existente no Oriente Médio e no Norte da África que “ameaça a existência do cristianismo, especialmente na Síria, Iraque, Líbia e Egito e a convivência pacífica entre as religiões forjada durante séculos”. (JE)








All the contents on this site are copyrighted ©.