Cidade
do Vaticano (RV) - Colaborador do Pontificado durante 4 anos (2006/2010), o Cardeal
Cláudio Hummes, Prefeito emérito da Congregação para o Clero, define o Papa emérito
um ‘santo homem’. Em meio às dificuldades do trabalho da Congregação e dos conflitos
e tensões existentes, o amigável relacionamento com Joseph Ratzinger, no dia a dia,
foi o que lhe deu a força para continuar. Ouça Dom Cláudio, em exclusiva para a RV,
clicando acima.
“O Papa foi sempre uma pessoa assim extremamente acolhedora,
que fomos conhecendo aos poucos, à medida que tínhamos contato com ele por causa das
questões envolvidas na Congregação. Tive muitas audiências com ele. Ele sempre foi
um Papa extremamente santo, um santo homem, de uma espiritualidade que você percebe
imediatamente. Ele vê sempre as coisas diante de Deus, na fé. Coloca Deus em primeiro
lugar: é Ele que nos ilumina, é a nossa grande luz e força. Isto ele sempre manifestou”.
“Depois, é um homem extremamente inteligente, um grande intelectual,
um muito racional, um teólogo respeitabilíssimo, que sempre de novo se manifesta,
mas ao mesmo tempo, um teólogo que sabe dizer as coisas com simplicidade, de forma
que se pode seguir facilmente seu pensamento, falado e escrito”.
“No
contato pessoal, ele é uma pessoa muito envolvente: ele te olha nos olhos, fala contigo,
ri junto; ele te interrompe, você pode interrompê-lo. É uma verdadeira conversa que
se faz com ele, ele se envolve, esquece o tempo e fica ali conversando. Esta bondade,
esta doçura dele, este acolhimento, o entregar-se quando se está em conversa dois
a dois é admirável neste Papa. E foi isto que o povo foi descobrindo e se encantando
com ele. De forma que foi um tempo muito bom; para mim foi um tempo de experiência
nova, que certamente me enriqueceu muito, mas também um tempo bom por causa deste
relacionamento com o Papa de modo especial. Dentre a Cúria romana, tínhamos este contato
no dia a dia. Sempre tive as melhores impressões. Claro que se ouvia a respeito de
tensões aqui e lá, e coisas complicadas para se resolver, e talvez hoje se saiba muito
mais sobre isso, mas eu na realidade devo dizer que fui sempre muito bem acolhido.
Todos me manifestavam fraternidade, amizade, e isto foi o que também me segurava e
dava força no dia a dia”. (CM)