Card. Damasceno define 'profético' o gesto do Papa
Cidade
do Vaticano (RV) – Dom Raymundo Damasceno Assis, Arcebispo de Aparecida, é um
dos cinco cardeais brasileiros eleitores que se encontram em Roma, convocados para
o próximo conclave. Nesta quarta-feira, 27, após participar da audiência geral na
Praça São Pedro, concedeu uma coletiva aos jornalistas. Cristiane Murray esteve no
Colégio Pio Brasileiro.
Dom Raymundo, ao anunciar a renúncia, Bento XVI admitiu
seus limites, de idade e de forças, para prosseguir em seu ministério. A decisão de
abdicar ao Pontificado, primeira depois de 600 anos, foi considerada ‘humilde e corajosa’,
tendo ‘humanizado’ a imagem da Igreja. O sr. acredita que este gesto vai aproximar
os fiéis da Igreja?
“Acho que sim. É um gesto que podemos até dizer ‘profético’,
que quer nos dizer alguma coisa. No sentido que o Papa também é o Vigário de Cristo,
é aquele que faz as vezes de Cristo, mas quem conduz a Igreja propriamente é Cristo,
então primeiro ele nos dá este sinal profético: o Papa é humano, tem seus limites
físicos e chega um momento em que ele pode dizer que não tem mais condições de conduzir
a Igreja como deveria governá-la, de modo eficiente, com todo o bem que a Igreja exige.
É profético neste sentido, um gesto de humildade, de grandeza, coragem. Porque o Papa
sabia das repercussões de seu gesto... estamos todos vendo. É algo inusitado que pegou
a Igreja de surpresa, embora ele tenha feito alusões à possível renúncia. Mas uma
coisa é fazer alusões, outra é renunciar mesmo. A gente nunca sabe se fato isto iria
se concretizar. Ele deixou em aberto esta possibilidade. O gesto é profético neste
cenário”. (CM)