Japão: Igreja contra corrida armamentista e energia nuclear
Tóquio (RV) - Os bispos do Japão destacaram a importância de proteger o artigo
9 da Constituição japonesa, que estabelece a renúncia explícita e absoluta da guerra
da parte do Estado. Segundo os bispos nipônicos, deve ser reiterado um claro não contra
a corrida armamentista e ao uso de energia nuclear para fins civis e militares. Este
foi o apelo feito pelos bispos ao primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, na ocasião
de seu encontro com o presidente dos EUA, Barack Obama.
Depois das eleições
gerais de dezembro de 2012, o Partido Democrata de Shinzo Abe voltou ao poder, colocando
no programa a revisão do art. 9 da Constituição que transformaria o Japão num estado
que pode colaborar e apoiar uma guerra. Abe, encontrando-se na sexta-feira, em Washington,
o Presidente Barack Obama, reiterou a aliança estratégica e militar com os Estados
Unidos, interessados em aumentar sua influência geopolítica no Leste da Ásia.
Diante
da possibilidade concreta de conduzir a nação a uma atitude potencialmente beligerante,
os bispos católicos japoneses fizeram ouvir suas vozes. Num documento enviado à Fides,
assinado pelo Bispo de Saitama, Dom Marcellino Daiji Tani, Presidente da Comissão
Justiça e Paz da Conferência Episcopal, os bispos lançam um forte apelo ao Governo,
dizendo: "Acreditamos que a paz não pode ser alcançada pela força militar. Acreditamos
que somente através do diálogo paciente, aberto para as diversidades, seja possível
obter a justiça, igualdade e respeito mútuo entre os povos e nações."
No documento
enviado à Agência Fides, os bispos japoneses observam que modificando o artigo 9 da
Constituição, corre-se o risco de aumentar as tensões militares na Ásia, especialmente
com a China e Coreia do Norte, com o resultado da corrida para a militarização. "Sem
o artigo 9 - continua o texto – o Japão poderia se tornar outra potência nuclear,
regredindo em seus esforços para a abolição de armas nucleares no mundo".
Os
bispos japoneses lembram ao Presidente Obama que "o governo dos Estados Unidos desempenhou
um papel importante na elaboração da constituição atual do Japão, centrada na valorização
da paz".
"Hoje, a maioria das pessoas no Japão apoia e partilha uma Constituição
não violenta. Por isso convidamos o Governo a seguir o caminho da não violência e
cooperação com todas as nações do Leste da Ásia", concluem os prelados. (MJ)