Colombo (RV) - Um forte apelo à ONU para deter a destruição do povo tâmil,
feita pelo Governo de Sri Lanka, e para assegurar o respeito pelos direitos humanos
no país: é o conteúdo de uma carta assinada por 132 líderes de diferentes igrejas
e comunidades religiosas no Norte e no Leste de Sri Lanka.
A carta, enviada
à Agência Fides, tem como primeiro signatário o Bispo de Mannar, Dom Rayyappu Joseph,
e pede para a Comissão da ONU sobre Direitos Humanos um grande esforço para estabelecer
as responsabilidades e construir uma verdadeira reconciliação no país.
Entre
os signatários, estão numerosos religiosos e missionários católicos engajados nas
Comissões diocesanas “Justiça e Paz”. O texto recorda que uma precedente resolução
da ONU se revelou “frágil”, pois o atual governo demonstrou “grande força de vontade
política em atuar as suas recomendações”, como o inquérito sobre os abusos realizados
na última fase do conflito civil.
Segundo a carta, ainda se registram “violações
das principais recomendações da Comissão Nacional para a Reconciliação, que convidava
a uma solução política do conflito étnico, à libertação dos prisioneiros políticos,
à nomeação de um Comissário especial, à indenização dos civis tâmeis, à desocupação
de terras ocupadas ilegalmente pelos militares, ao direito de honrar mortos e desaparecidos”.
A carta denuncia que, no ano passado, numerosos ativistas, estudantes, sindicalistas,
religiosos, jornalistas e advogados que levantaram estas questões cruciais foram agredidos,
interrogados, presos, ameaçados e desacreditados por ministros, funcionários públicos,
militares e agentes policiais. “As vítimas - recorda a carta – incluem alguns de nós,
membros do clero e pessoas que preferiram não assinar a carta por temor de represálias”.
Os líderes religiosos afirmam que “a morte e o desaparecimento de dezenas de milhares
de civis tâmeis e as ações que estão suprimindo, sistematicamente, a comunidade parecem
ter a intenção de eliminar o povo tâmil”, que, por isso, se dirige à comunidade internacional.
A carta pede uma Comissão internacional para investigar as violações do direito
internacional e dos direitos humanos que ainda se registram no país.(BF)