Bento XVI no último Angelus : “Não abandono a Igreja”
Cidade do Vaticano
(RV) – “Não abandono a Igreja, pelo contrário. Continuarei a servi-la com a mesma
dedicação e o mesmo amor”: palavras de Bento XVI pronunciadas em seu último Angelus
como Pontífice.
Mais de 100 mil pessoas lotaram a Praça S. Pedro para este
evento histórico. Faixas e cartazes em várias línguas demonstravam o carinho dos fiéis.
Desde as primeiras horas da manhã, a Praça aos poucos foi sendo tomada por religiosas,
sacerdotes, turistas, mas principalmente por famílias com crianças e muitos jovens.
Ao
meio-dia, assim que a cortina da janela de seus aposentos se abriu, Bento XVI foi
aclamado pela multidão.
Comentando o Evangelho da Transfiguração do Senhor,
o Papa citou o evangelista Lucas, que ressalta o fato de que Jesus se transfigurou
enquanto rezava: a sua é uma experiência profunda de relacionamento com o Pai durante
uma espécie de retiro espiritual que Jesus vive sobre um alto monte na companhia de
Pedro, Tiago e João.
Meditando sobre esta passagem do Evangelho, explicou o
Pontífice, podemos tirar um ensinamento muito importante. "Antes de tudo, a primazia
da oração, sem a qual todo o trabalho de apostolado e de caridade se reduz ao ativismo.
Na Quaresma, aprendemos a dar o justo tempo à oração, pessoal e comunitária, que dá
fôlego à nossa vida espiritual. Além disso, a oração não é um isolar-se do mundo e
de suas contradições."
A existência cristã – disse o Papa, citando sua Mensagem
para a Quaresma –, consiste num contínuo subir o monte do encontro com Deus, para
depois descer trazendo o amor e a força que dele derivam, a fim de servir nossos irmãos
e irmãs com o mesmo amor de Deus.
“Queridos irmãos e irmãs, esta Palavra de
Deus eu a sinto de modo particular dirigida a mim, neste momento da minha vida. O
Senhor me chama a 'subir o monte', para me dedicar ainda mais à oração e à meditação.
Mas isto não significa abandonar a Igreja, pelo contrário. Se Deus me pede isso, é
precisamente para que eu possa continuar a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo
amor com o qual eu fiz até agora, mas de um modo mais adequado à minha idade e às
minhas forças.” Na saudação em várias línguas, Bento XVI falou também em português:
“Queridos peregrinos de língua portuguesa que viestes rezar comigo o Angelus:
obrigado pela vossa presença e todas as manifestações de afeto e solidariedade, em
particular pelas orações com que me estais acompanhando nestes dias. Que o bom Deus
vos cumule de todas as bênçãos”.