Cardeal Ravasi: "Sacerdotes testemunhas na sociedade, mas livres de vínculos políticos"
Cidade do Vaticano (RV) - Penúltimo dia dos exercícios espirituais no Vaticano.
O Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi, pregador
dos Exercícios espirituais propostos aos Papa e à Cúria Romana, enfatizou nesta sexta-feira,
a figura do sacerdote, da família e idosos em suas meditações.
Os Salmos 16
e 73 guiaram a primeira meditação de hoje feita pelo purpurado. Dois textos sacerdotais
que tem no final uma mensagem quaresmal. Em ambos se confessa a fraqueza, o pecado,
mas depois se olha para meta final que é a perfeita comunhão com Deus.
Falando
sobre as características do sacerdote na Torá, o purpurado se deteve num ponto fundamental:
"O sacerdote deve estar presente na sociedade e porque é o elo entre Deus e o povo
deve estar livre de todo vínculo e interesse concreto. Não deve participar e nem se
envolver em questões políticas, mesmo estando presente com o seu testemunho."
A
família e os idosos estiveram no centro da segunda meditação feita pelo Cardeal Ravasi
nesta sexta-feira. O purpurado recordou a eficaz definição dada pelo sociólogo Levi-Strauss,
que considera a família como uma "união mais ou menos durável, que pode ser encontrada
em toda sociedade".
"A sociedade contemporânea, infelizmente, adotou como
emblema a porta blindada. Tem-se medo de tudo o que está fora. Uma vez, em nossa tradição,
o pátio das casas era o lugar onde se vivia, as portas estavam sempre abertas e havia
comunicação. Os sorrisos e as lágrimas eram partilhados", destacou.
No Salmo
128 se nota como o pai é aquele que mantém a família e a mãe a videira fecunda, aquela
que está na intimidade da casa: "Uma intimidade que não é feita somente de sexualidade.
Aliás, a cultura e a sociedade contemporânea quebraram o colar feito de três anéis.
O primeiro: a sexualidade, mas a sexualidade é também animal e não é suficiente. O
segundo anel: o homem que é capaz de eros, que não é pornografia. O eros é a descoberta
da beleza, do fascínio, do sentimento, da paixão, do desejo de estar juntos, a maravilha
da aparência do rosto. No entanto, não basta. O terceiro anel: o amor, pois o homem
é capaz de amar."
Os filhos são sinais da criação e da história da salvação
que continua, e também os idosos que estão presentes várias vezes no Saltério. O Cardeal
Ravasi concluiu a meditação recitando um hino tibetano antigo: "o corpo do homem velho
é um tesouro precioso de canções de fé".
Amanhã, sábado, haverá a última meditação
do cardeal e o discurso de Bento XVI na conclusão dos exercícios Espirituais. (MJ)