Cardeal Ravasi: "Indiferença e superficialidade, males da cultura atual"
Cidade do Vaticano (RV) - Reconciliação e penitência, a ausência de Deus e
o nada. Estes foram os temas das meditações desenvolvidas pelo pregador dos Exercícios
espirituais propostos aos Papa e à Cúria Romana, Cardeal Gianfranco Ravasi.
Depois
de ver o limite que levamos a Deus, a dor na forma física e moral, o Cardeal Ravasi
propõe a meditação sobre o delito, o castigo e o perdão. "Pecado é um ato pessoal
que nasce da liberdade humana."
É rebelião, revolta, um desviar da meta, mas,
sobretudo um afastamento de Deus: "O pecado é uma realidade, primeiramente e acima
de tudo, teológica; pode ter implicações psicológicas, mas é teológica. Por isso,
o Sacramento da Reconciliação não poderá nunca ser comparado a uma sessão psicanalítica,
porque é absolutamente fundamental a consciência que o pecador tem de Deus."
É
na conversão que se encontra o caminho certo, na mudança de rota e na mudança de mentalidade
- como pregava Jesus - deixando para trás as coisas às quais nos apegamos. Um caminho
que, inevitavelmente, requer esforço.
"No percurso fatigante rumo ao perdão
não falta tensão, expectativa, suspiro profundo para chegar a ser homens novos", disse
o Cardeal Ravasi, acrescentando: "Na sociedade nem sempre se dá a possibilidade de
recomeçar: alguns estão agora marcados, mesmo se é verdade que na legislação existem
tentativas de recompor e repropor para a sociedade uma pessoa que errou. No entanto,
permanece sempre esse tipo de selo sobre a pessoa considerada pecadora. Isto, porém,
não existe na Bíblia; no profeta Isaías existe a imagem que Deus lança para trás os
pecados. Portanto, eles não existem mais. Eles são verdadeiramente cancelados."
A
ausência de Deus e o nada. "Um tema que no Saltério é repetido várias vezes no Salmo
14 e no Salmo 53. Entra-se no mundo do ateísmo prático. Ausência e nada: dois termos
que não são sinônimos; o primeiro significa saudade de Deus e o nada é o verdadeiro
mal da cultura de hoje. É a indiferença, é a superficialidade, é a banalidade. É o
vazio, o nada, não um vazio com expectativa. Pastoralmente, encontramos muitas vezes
esta segunda forma de ateísmo", concluiu o Cardeal Ravasi. (MJ)