Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Bento XVI, logo no início do seu Pontificado,
colocou o ecumenismo e o diálogo inter-religioso como uma de suas prioridades. Sua
apurada consciência sobre a importância desta missão está radicada em vários fatores
da história da sua vida: foi perito do Concílio Vaticano II, braço direito de João
Paulo II nas questões doutrinais, teólogo conhecedor da problemática ecumênica e,
como cristão alemão, sentiu de perto a problemática ecumênica, como afirmou no seu
discurso em Colônia, em 19 de agosto de 2005: "Sendo eu mesmo proveniente deste país,
conheço bem a situação dolorosa que a ruptura da unidade na profissão da fé causou
a tantas pessoas e famílias". Bento XVI sempre considerou que a divisão entre os cristãos
é uma ofensa a Deus e um escândalo para o mundo. A convite do Patriarcado Ecumênico
do Constantinopla, Bento XVI visitou a Turquia em novembro de 2006. A viagem serviu
para aproximar Roma do Mundo Ortodoxo. No encontro com o Patriarca Ortodoxo Bartolomeu
I, reiterou o compromisso da Igreja Católica na superação dos obstáculos que impedem
a realização da comunhão plena entre católicos e ortodoxos, pois as “divisões existentes
entre os cristãos – disse Bento XVI - são um escândalo para o mundo e um obstáculo
para a proclamação do Evangelho”. Bento XVI desenvolveu esforços no sentido de
aproximar Roma e os cristãos ortodoxos do Oriente, de tradição bizantina, síria e
eslava. Partindo do princípio de a Igreja Católica estar "em comunhão eclesial quase
completa" com estas igrejas, conforme pronunciado no Angelus de 30 de junho de 2007,
Bento XVI, deu pequenos passos e realizou inúmeros gestos buscando superar, paulatinamente,
as distâncias histórico-culturais e as divergências prático-eclesiais que persistem
há séculos. Um dos frutos destes esforços foi a retomada dos trabalhos da Comissão
Teológica Mista Católico-Ortodoxa. Em 2009, Bento XVI visitou a Terra Santa. Entre
os tantos compromissos, o Pontífice participou de um encontro ecumênico na sede do
Patriarcado Greco-ortodoxo, na parte leste de Jerusalém, do qual também tomou parte
o Patriarca Greco-ortodoxo Teófilo III. No seu discurso, o Santo Padre ressaltou que
todos os seguidores de Cristo devem "redobrar" os esforços "para aperfeiçoar a comunhão"
já que a divisão "é uma vergonha". E acrescentou: "Temos de encontrar forças para
redobrar nosso compromisso para aperfeiçoar nossa comunhão, para torná-la completa".
A viagem de Bento XVI ao Líbano, em setembro de 2012, marcou um dos seus últimos
compromissos inter-religiosos internacionais. A Audiência Geral das Quartas-feiras,
em 19 de setembro de 2012, foi toda ela dedicada à viagem ao Líbano. Na ocasião, Bento
XVI recordou que a viagem "foi um evento eclesial comovente e, ao mesmo tempo, uma
ocasião providencial de diálogo vivido em um país complexo, mas emblemático para toda
a região, por motivo de sua tradição de convivência e de eficaz colaboração entre
os diversos componentes religiosos e sociais". De fato, nesta viagem realizada a um
país representativo na diversidade religiosa e cultural, Bento XVI encontrou-se com
representantes do mundo Ortodoxo, Católico e com muçulmanos. Em relação ao diálogo
com as Igrejas e Comunidades eclesiais do Ocidente, observou-se em Bento XVI a preocupação
em centrar o debate católico-protestante na questão da natureza da Igreja, acentuando
a exigência de um "ecumenismo de verdade". Ao mesmo tempo, o Papa sempre teve uma
visão muito realista sobre as dificuldades existentes neste complexo diálogo, o que
o levou a valorizar o 'ecumenismo anônimo cotidiano', realizado muitas vezes por pequenos
grupos de convivência e partilha ecumênica, na convicção de que o simples fato de
se ir caminhando juntos 'já é uma forma de unidade'. O Pe. José Bizon, da Casa
da Reconciliação, na Arquidiocese de São Paulo, fez uma avaliação sobre a dimensão
do ecumenismo e do diálogo inter-religioso sob o Pontificado de Bento XVI.