2013-02-18 12:20:40

"Depois da renúncia" - Editorial do P. Lombardi


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A declaração de renúncia ao Pontificado por parte de Bento XVI na última segunda-feira abalou o mundo, por ser tão inesperada e inédita para a maioria das pessoas, dentro e fora da Igreja e do Vaticano. Todos fomos profundamente tocados por ela e ainda estamos tentando colocar em foco o seu alcance e significado.
Mas, para sermos sinceros, trata-se de uma decisão que surpreendeu mais quem não o conhecia, que aqueles que o conheciam bem e o seguiam com atenção. Tinha falado claramente desta eventualidade em tempos passados, no livro-entrevista "Luz do Mundo"; tinha um modo sempre discreto e prudente de falar dos empenhos futuros do seu Pontificado; era absolutamente claro que ele estava a realizar uma missão recebida e não tanto a exercer um poder possuído. Realmente não tinha sido uma falsa humildade aquela com a qual se havia qualificado no início exacto do seu Pontificado como "um humilde trabalhador na vinha do Senhor", sempre atento a empregar com sabedoria as suas forças físicas não exuberantes, para realizar da melhor forma possível o imenso trabalho que lhe fora confiado, de forma para ele inesperada, e em idade já bastante avançada.
Admirável sabedoria humana e cristã de quem vive diante de Deus na fé e na liberdade de espírito, conhece as suas responsabilidades e as suas forças, e indica com a sua renúncia uma perspectiva de renovado empenho e de esperança. Um grande acto de governo da Igreja, e não tanto, como alguns pensam, porque o Papa Bento XVI já não se sentia com forças para guiar a Cúria Romana, quanto porque enfrentar hoje os grandes problemas da Igreja e do mundo, dos quais ele è mais que consciente, requer forte vigor e um horizonte de tempo de governo proporcional a empenhos pastorais a longo prazo e não de pouca duração.
Bento não nos abandona no tempo da dificuldade, com confiança convida a Igreja a ter fé no Espírito e a um novo Sucessor de Pedro. Nestes dias, disse que sentia quase fisicamente a intensidade da oração e do afecto que o acompanha. Nós, por nossa vez, também sentimos a intensidade única da sua oração e do seu afecto pelo Sucessor e por nós. Provavelmente esta relação espiritual será ainda mais profundo e forte que antes. Comunhão intensa numa liberdade absoluta.








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