Bento XVI recolhido em oração, esta semana: Exercícios espirituais do Vaticano, dirigidos
pelo Cardeal Ravasi
Com a celebração
de Laudes e a primeira meditação da manhã, prosseguiram nesta segunda-feira, no Vaticano,
os Exercícios Espirituais do Papa e da Cúria Romana, iniciados ontem ao fim da tarde,
com a recitação de Vésperas, a exposição do Santíssimo Sacramento e meditação introdutiva.
Prega este retiro o cardeal Gianfranco Ravasi. O programa de cada dia prevê,
para além de Laudes e da primeira meditação às 9 horas, outra reflexão às 10.15 e,
às 17, uma terceira, seguida da celebração de Vésperas, adoração e bênção eucarística.
Ontem
à tarde, numa saudação inicial, antes da primeira medição, o cardeal Ravasi propôs
uma imagem bíblica para representar o futuro da presença de Bento XVI na Igreja, uma
presença contemplativa, como a de Moisés que sobe à montanha a rezar pelo povo de
Israel que em baixo, no vale, combate contra Amalek: “Essa imagem representa a
função principal – sua – para a Igreja, isto é, a intercessão, interceder: nós ficaremos
no vale, naquele vale onde está Amalek, onde existe a poeira, onde existem receios,
também os terrores, os pesadelos, e também as esperanças, onde Vossa Santidade ficou
connosco nestes oito anos. De hoje para adiante, porém, saberemos que, no monte, existe
a Vossa intercessão por nós.”
O purpurado convidou em seguida, a entrar na
primeira meditação observando silêncio na alma, libertando-se dos muitos rumores da
vida quotidiana: “Penso que também para nós, os Exercícios, nestes momentos, são um
pouco como livrar a alma das coisas da terra, também da lama do pecado, da areia
das banalidades, das ortigas da conversa fiada que, sobretudo nestes dias ocupam ininterruptamente
os nossos ouvidos”. Na meditação (inicial, de ontem), o cardeal Ravasi abordou
o tema da oração nos Salmos, sublinhando 4 verbos: rezar é respirar, porque
a oração é o ar, a respiração, para a nossa vida; rezar é também pensar, conhecer
Deus, como fazia Maria que conservava no seu coração os acontecimentos; rezar é também
lutar com Deus, sobretudo quando se está na aridez, na escuridão da vida, quando
elevamos ao alto o nosso grito desesperado, que pode parecer mesmo blasfemo; rezar,
enfim, é amar, poder abraçar Deus. E a oração muitas vezes - concluiu o cardeal
Ravasi – é um silencioso cruzar de olhares entre dois apaixonados: “ Sabemos bem
que na fé, como no amor, os silêncios são muito mais eloquentes do que as palavras.
Dois verdadeiros apaixonados, depois que exauriram todo o arsenal dos lugares comuns
do seu amor, repetindo-se também o estereótipo do amor, se são verdadeiramente apaixonados,
fixam-se nos olhos e calam-se”.