2013-02-15 19:22:03

Card. Ravasi:"Papa manifestou a grandeza do ministerio petrino"


Cidade do Vaticano (RV) - Na homilia da Quarta-feira de Cinzas, Bento XVI recordou que as divisões no corpo eclesial desfiguram a face da Igreja. O Papa convidou a viver a Quaresma em uma maior comunhão eclesial, superando individualismos e rivalidades. São palavras significativas, nestes últimos dias de pontificado, como comenta aos microfones da Rádio Vaticano, o Presidente do Pontifício Conselho da Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi:

Cardeal Ravasi: “Seguramente, neste contexto, tem um signifcado particular, porque toda a sociedade tem sofrimentos, tem dificuldades. Sob esta ótica, eu diria que as palavras do Papa, certamente são um alerta a ser acolhido, em primeiro lugar, sobretudo por parte da comunidade eclesial. Devo também dizer que isto está no âmago mesmo da mensagem da Quaresma. Podia ter sido dito em qualquer Quaresma destes anos, porque faz parte justamente da escolha da comunidade eclesial que deve fazer uma auto purificação”.

Pergunta: Eminência, o Senhor se encontrava na Sala do Consistório quando o Papa anunciou a sua renúncia, em latim. Qual foi a sua reação?

Cardeal Ravasi: “Surpresa, evidentemente. Todos ficaram surpresos. Mas devo dizer que senti, sobretudo, admiração, porque o Papa manifestou a grandeza da missão petrina justamente declarando que a sua fragilidade tornava este serviço mais difícil; assim, sob esta ótica, penso que é de admirar, porque ele fez, num certo sentido, um ato teológico: demonstrou de maneira incisiva o que é realmente o ministério petrino, justamente quando declarou que não era mais capaz, fisicamente, de poder continuar”.

Pergunta: na Audiência Geral de 13 de fevereiro, o Papa afirmou ter tomado esta decisão de grande gravidade pelo bem da Igreja....!

Cardeal Ravasi: “O fato que justamente o ‘ministério seja um ministério’, e esta palavra que nós usamos - que agora adquiriu uma conotação negativa pela tradição política -, esta palavra tem o sentido de ‘minus’, isto é ‘de estar a serviço de’, ‘ser menos’, ‘não ser dominador’. Uma pessoa que é imperial e que exerce este poder, pode tê-lo em suas mãos exclusivamente como uma posse sua. Quando, ao invés disto, é um ato de ministério, necessita ter a capacidade também de se tornar ‘minus’, isto é, de sair para deixar mais espaço a quem consegue realizá-lo de maneira mais plena”.

Pergunta: O Senhor está prestes a pregar o retiro quaresmal para o Papa e a Cúria, por escolha de Bento XVI. Nesta contingência particular, com que estado de ânimo se prepara para esta tarefa?

Cardeal Ravasi: “Devo dizer que a emoção é superada por pelo menos duas razões: a primeira é porque o Papa mesmo confirmou estes exercícios, desejando-os quase como uma espécie de oásis de serenidade, após esta tempestade midiática que ocorreu após a sua escolha. Sob este ponto de vista, então, será um momento de serenidade. Por outro lado, os exercícios são sempre uma experiência de família, porque não estão presentes somente meus colegas, mas também pessoas que fazem parte da vida cotidiana da Cúria Romana, então, do dia-a-dia do Papa. É um mundo interno que tem uma função importante dentro da Igreja e que se encontra em um momento de silêncio, de reflexão. Talvez nunca, como neste momento, também a nossa comunidade - daqueles que são mais próximos ao Papa na colaboração-, tenham necessidade de ter este espaço absoluto, branco diria, onde se está sozinho com a própria consciência e com Deus”. (JE)








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