Ninguém pode dizer-se cristão sem aceitar o martírio
Sexta-feira à tarde, por ocasião da festa de Nossa Senhora da Confiança, Padroeira
do Pontificio Seminário Maior de Roma, o Papa deslocou-se a esse seminário para uma
“lectio divina” aos 190 seminaristas ali em formação e com os quais jantou no final
do encontro.
Bento XVI exprimiu a sua alegria por ver tantos jovens em caminho
para o sacerdócio, ou seja à procura da melhor forma para servir o Senhor nos tempos
de hoje. Depois teceu uma ampla reflexão centrada nalguns versos da carta de Pedro
em que sobressai a paixão de quem encontrou o Messias, depois pecou, mas permaneceu
sempre fiel a Cristo”. O Papa constatou a linguagem culta de Pedro que, disse, nem
parece a de um pescador. Com efeito – explicou – Pedro escreveu de Roma com a ajuda
de outros irmãos na fé, com a ajuda da Igreja. Ele não falava como individuo,
mas como homem de Igreja, embora com a sua responsabilidade pessoal. Ele sabia
que em Roma ia encontrar o martírio, mas não se retira, vai em direcção à cruz indicada
por Cristo e convida também o homem contemporâneo a acolher o aspecto martirológico
– disse o Bento XVI afirmando que ninguém pode dizer-se cristão sem aceitar o martírio.
Perantte esses 190 jovens que se preparam para o sacerdócio, Bento XVI deteve-se
sobre o aspecto da eleição: a escolha, única e particular, que o Senhor faz em relação
a cada ser humano: “Ser queridos por Deus para conhecer o rosto de Cristo, para ser
católicos – disse – é um dom: devemos alegrar-nos porque Deus deu-nos essa graça.
Essa beleza de conhecer a plenitude da Verdade de Deus, alegria do seu amor”
“Eleitos”:
palavra que exprime “privilégio e humildade” ao mesmo tempo, mas nunca “triunfalismo”.
Hoje – observou o Papa – os cristãos são o grupo mais perseguido no mundo porque “não
conforme”, porque “contra as tendências do egoísmo e do materialismo”. Embora tendo
contribuido para a formação da cultura ocidental, os cristãos vivem desde sempre numa
condição de minoria – disse Bento XVI acrescentando:
“Rezemos ao Senhor para
que nos ajude a aceitar esta missão de viver como dispersos, como minorias num certo
sentido, de viver como estrangeiros e, no entanto, como seres responsáveis pelos outros,
fortificando o bem no nosso mundo”
Por fim, Bento XVI relevou o “falso pessimismo”
segundo o qual o cristianismo chegou ao fim. E convidou a um são realismo:
“Há
quedas graves, perigosas, e temos de reconhecer com são realismo que assim não está
certo, lá onde se fazem coisas erradas. Mas temos também de estar seguros, que se
aqui e além a Igreja morre por causa dos pecados do homem, por causa do seu não acreditar,
ao mesmo tempo renasce de novo. O futuro é realmente de Deus: esta é a grande certeza
da nossa vida, o grande, verdadeiro optimismo que conhecemos. A Igreja é uma árvore
de Deus que vive eternamente e traz em si a eternidade e a verdadeira herança: a vida
eterna.”
O Papa foi acolhido pelo cardeal vigario da Diocese de Roma, Agostino
Vallini, pelo Reitor do Seminário Maior, D. Concettto Occhipinti, e saudado calorosamente
pelos 190 seminaristas presentes e 16 jovens em fase de discernimento...