Cidade do Vaticano (RV) – Na próxima
quarta-feira, dia 13, damos início ao Tempo da Quaresma, um período em que nós cristãos
nos preparamos para a Festa da Páscoa, onde revivemos a paixão, morte e ressurreição
de Jesus; referência da vida de todo cristão. A Quaresma deste ano – que tem início
com a Quarta-feira de Cinzas – como todos os anos nos traz a mente mais uma vez o
Mistério Pascal, ponto alto da nossa fé.
A palavra Quaresma, que vem do latim
- quadragésima - é utilizada para designar o período de quarenta dias que antecedem
a festa ápice do cristianismo. Esta prática data desde o século IV. Um período rico
de ensinamentos e que leva o fiel a se interrogar, a refletir sobre o seu “ser cristão”.
Tempo para se arrepender dos pecados e mudar de vida.
Para muitos a Quaresma
é também sinônimo de jejum e abstinência; um costume que ainda hoje está muito presente
no nosso povo. Quem sabe esse tempo de jejum possa se tornar um momento para deixar
de lado antigos vícios. Praticar a abstinência é privar-se de algo. Portanto, esse
privar-se de algo pode se tornar ação de caridade para com o nosso próximo. Vivemos
em uma sociedade opulenta que muitas vezes esquece o irmão que passa necessidade,
chegando a torná-lo invisível, um ser que não é ser.
Como todos os anos o Santo
Padre divulgou uma mensagem para a Quaresma, e neste ano o Papa pede aos católicos
que não separem a fé da caridade. Bento XVI explica a estreita relação que existe
entre a fé e a caridade. “Não devemos separá-las. Estas duas virtudes teologais estão
intimamente unidas. É equivocado ver nelas um contraste ou uma 'dialética’", escreveu.
Já o título da mensagem “Crer na caridade gera caridade. Conhecemos o amor
que Deus nos tem e acreditamos nele”, destaca que não podemos dar prioridade à fé
e desprezar as obras de caridade “reduzindo-as a um humanitarismo genérico”; o Papa
reafirma também que “não podemos sustentar uma supremacia exagerada da caridade e
de seu trabalho, pensando que as obras podem substituir a fé”.
Fé e caridade
são duas asas que nos ajudam a voar neste tempo litúrgico. “Uma fé sem obras é como
uma árvore sem frutos”: se a primeira “nos faz conhecer a verdade de Cristo como Amor
encarnado e crucificado”, a segunda nos faz “entrar” naquele amor e leva ao dom total
de si, escreveu o Papa.
No Brasil no período da Quaresma nós também somos convidados
pela Igreja a participar da Campanha da Fraternidade, promovida pela CNBB ( Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil), que desde 1964 chama a atenção para uma realidade
social convidando os fiéis a refletirem sobre a mesma. Neste ano o tema é Fraternidade
e Juventude e o lema “Eis-me aqui, envia-me!” (Cf, Is 6,8). Nada mais acertado e justo
do que refletir sobre a juventude, no ano em que o grande evento da Jornada Mundial
da Juventude será realizado no nosso país, no Rio de Janeiro.
Mais uma oportunidade
para fazer com que os jovens se tornem protagonistas no seio da Igreja e da sociedade
e sejam agentes transformadores das suas realidades locais. Mais uma oportunidade
de conhecermos os nossos jovens e fazer com que eles conheçam a sua Igreja e o mundo
que os circunda.
Na quinta-feira recebendo no Vaticano os participantes da
plenária do Pontifício Conselho para a Cultura, o Papa falando dos jovens afirmou
que não existe uma “cultura juvenil” unívoca, mas uma realidade muito articulada que
a Igreja quer conhecer melhor, porque tem “confiança nos jovens” e “precisa de sua
vitalidade”.
Uma boa Quaresma a todos e vamos aproveitar esse período para
mudar de vida e sermos melhores. (Silvonei José)