Alepo (RV) – O longo conflito que está destruindo a Síria teve pelo menos um
efeito colateral: ‘a explosão da questão armena’, o que poderá trazer conseqüências
para a Turquia e para toda a região do Cáucaso.
A ‘sectarização’ do conflito
sírio – onde cada grupo social busca sua estrada de sobrevivência – corre o risco
de atingir, de modo particular, os cerca de 100 mil armênios sírios. Os armênios são
um povo de forte identidade étnica, cultural e religiosa (são cristãos). Com o conflito
sírio, passaram a engrossar o fluxo de refugiados que abandona o país.
Segundo
a Agência Fides, a Turquia é quase passagem obrigatória para a comunidade da diáspora
armênia. Colônias de armênios provenientes da região de Alepo e Latakia, mas também
de outras cidades da mesopotâmia como Hassake, Deir Ezzor e Ras El Ein, chegam às
cidades turcas próximas à fronteira como Antioquia, Sanliurfa, Gaziantep, além de
Osmaniye, Kahramanmaras e Adiyaman.
Segundo o governo turco, os refugiados
sírios no país são 200 mil. Destes, os armênios representam, segundo algumas estimativas,
20 mil. Algumas fontes diplomáticas indicam que eles sejam 50 mil. Independente do
número, estes refugiados armênios pedem à Turquia para atravessar a fronteira com
a Armênia, fechada em 1993, em busca de uma acolhida adequada, segurança, possibilidade
de alojamento, trabalho e educação. A autorização é negada pelo governo turco, já
que os dois países não mantém relações diplomáticas.
Conforme referiu a Agência
Fides, ONGs e Associações de armênios da diáspora, especialmente dos Estados Unidos
(“Armenian Relief Network”, “Mission Armenia” e outras) lançaram uma campanha de pressão
e uma coleta de assinaturas para pedir ao governo turco para “deixar os armênios saírem”.
As ONGs pedem a mediação do Presidente Barack Obama junto ao Presidente turco Erdogan.
A ‘questão armena’ é até hoje um ponto nevrálgico nas relações entre a Turquia
e a comunidade internacional, dada a longa disputa pelo reconhecimento do genocídio
armênio ocorrido em 1915. (JE)