Dom Shomali: "Cristãos e muçulmanos podem aprofundar juntos valores comuns"
Jerusalém (RV) - "Só a legitimidade internacional poderá ser a plataforma segura
e sólida para as futuras negociações entre Israel e Palestina", foi o que disse o
Vigário Patriarcal de Jerusalém, Dom William Shomali, durante uma palestra no Instituto
Católico de Toulouse, na França, sobre o tema "Diálogo inter-religioso e paz na Terra
Santa: Desafios atuais e perspectivas para o futuro".
Em particular, o prelado
destacou as problemáticas do confronto inter-religioso na Terra Santa. Lembrando os
atos de vandalismo perpetrados recentemente contra alguns lugares de culto cristãos,
Dom Shomali sublinhou como a condenação desses episódios tenha sido unânime da parte
de expoentes cristãos, muçulmanos e judeus. "Eles condenaram esses atos de vandalismo
apontando o dedo para a raiz do problema que está na educação ao fanatismo, muitas
vezes recebido nas escolas", destacou.
"No entanto, há espaço para a esperança.
Cristãos e muçulmanos têm em comum a língua, a cultura, o fato de terem vivido e sofrido
juntos. O diálogo teológico permanece difícil porque não se pode dialogar sobre a
Trindade, a divindade de Cristo ou sua encarnação, porém, cristãos e muçulmanos podem
aprofundar juntos os valores éticos e religiosos comuns, como a caridade, justiça,
a peregrinação e o respeito pela vida", disse ainda o Vigário Patriarcal de Jerusalém.
Dom
Shomali reiterou como as escolas e estruturas sociais cristãs procuram educar os jovens
cristãos e muçulmanos a viverem juntos no respeito mútuo e na cordialidade, pois "o
diálogo não deve se deter na esfera intelectual, mas cobrir todos os segmentos da
sociedade".
Em relação ao diálogo judaico-cristão, o arcebispo sublinhou que
ele deve ser facilitado por pontos em comum, como a Bíblia, a oração dos Salmos, os
valores éticos da dignidade humana e a importância da vida.
Dom Shomali observou
que no nível da vida cotidiana, as relações entre judeus e cristãos são muito boas,
mas a situação política obscurece essas relações e impede um diálogo profundo e frutífero.
Espera-se que a comunidade internacional possa ajudar nas futuras negociações. (MJ)