Igreja reforça seu empenho na luta contra abusos de menores
Roma (RV) – Passado um ano do Simpósio internacional sobre abusos cometidos
contra menores por membros do clero, realizado na Pontifícia Universidade Gregoriana,
a Igreja mantém o empenho de prosseguir o caminho, traçado pelo Papa, “rumo à cura
e à renovação”. Na terça-feira, foi realizado um novo encontro no ateneu romano para
apresentar as Atas do Simpósio e expor as primeiras atividades do Centro para a Proteção
dos Menores, que tem sede em Munique, na Alemanha.
A respeito, a Rádio Vaticano
entrevistou o Diretor do Instituto de Psicologia da Universidade, o jesuíta Padre
Hans Zollner (foto):
Pe. Zollner:– Os frutos do Simpósio são certamente
uma maior consciência por parte dos Bispos. Eles compreenderam a importância de se
fazer algo, sobretudo de ouvir as vítimas de abuso, para que seja feita justiça, e
se empenhar no trabalho de prevenção. Agora, com a apresentação dessas Atas, em doze
línguas, podemos dizer que se trata de um ponto de referência não somente para os
Bispos, mas também para as Igrejas locais que devem continuar neste caminho.
RV:
Como funciona este Centro para a proteção dos menores, quais foram as primeiras atividades?
Pe.
Zollner:– Como diz o nome, se trata de uma tentativa de proteção, ou seja, de
prevenção dos abusos contra menores, em todas as partes do mundo. Porém, nesta fase
experimental do programa, nos limitamos à colaboração com oito dos chamados "project
patners", ou seja, arquidioceses e dioceses ou congregações religiosas no mundo, com
os quais tentaremos saber como funciona um programa idealizado na Europa em outras
partes do mundo. Há ainda um programa de ensino à distância – e-learning (http://elearning-childprotection.com)
– isto é, a possibilidade de acompanhar um curso de 30 horas, ou diante do computador
ou auxiliados por professores, em que se aprende, por exemplo, a prestar atenção a
sinais de um possível abuso que uma criança possa sofrer.
Na Gregoriana fez
sua primeira participação pública o novo responsável por esses casos da Congregação
para a Doutrina da Fé, Padre Robert Oliver. O sacerdote – que tem uma longa experiência
em Boston, o epicentro da crise nos Estados Unidos – explicou que a Congregação recebe
uma média de 600 denúncias de abusos por ano, de todos os Continentes. Quase todas
as denúncias se referem a abusos cometidos entre 1965 e 1985.
Padre Oliver
considera que diante do fenômeno dos abusos foram realizados “progressos extraordinários”,
principalmente na tentativa de ouvir e amparar as vítimas e suas famílias. O sacerdote
estadunidense elogiou ainda a imprensa, que mesmo quando trabalha de modo 'agressivo',
como nos Estados Unidos, faz com que “nos coloquemos diante da exigência de enfrentar
este problema.