2013-02-05 13:43:17

Fuga dos cristãos do Médio Oriente põe em risco direitos e liberdades fundamentais - afirma o Padre Samir Khalil Samir


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Diminuem os cristãos no Médio Oriente. Se no início do século passado eles representavam 20% da população, hoje, nos vários países da área do Sudoeste asiático, oscilam até um máximo de 10 por cento. Os cristãos migram do Médio Oriente por causa das dificuldades em que se encontraram, após os recentes conflitos. Em Jerusalém e Nazaré estão praticamente reduzidos aos 2%, enquanto que o País com o maior número de cristãos permanece o Líbano. São aproximadamente 35%, mas em diminuição em relação a alguns anos atrás. Tiziana Campisi perguntou ao Padre Samir Khalil Samir, um especialista em questões médio-orientais, como explicar estes dados, analisando a convivência entre muçulmanos e cristãos:

R. - Quase sempre houve alguns inconvenientes. O que estamos a viver hoje em todo o mundo islâmico é uma contínua radicalização do protesto contra o poder mundial que se define como Ocidente - e o Ocidente é visto pelos muçulmanos como cristão, embora seja cada vez mais descristianizado - e isso teve um impacto nos cristãos locais.

D. – Que vazio deixaram os cristãos nos Países onde se retiraram?

R. – Quanto mais os cristãos deixam o País tanto mais eles se tornam uma exígua minoria, e tanto mais alguns princípios da modernidade, como por exemplo os direitos humanos, acabam por cair. Com o declínio dos elementos cristãos, faz-se um passo à retaguarda na economia, mas ainda mais na política e, especialmente, em tudo aquilo que está relacionado com os direitos humanos: a situação da mulher, a liberdade religiosa, a liberdade tout court, o progresso social, os direitos sociais para os mais pobres e os fracos. Também por este motivo ouvimos dizer entre os muçulmanos – intelectuais e não só, políticos e até mesmo gente de cultura média: "Por favor, não se vão embora! Fiquem! Vivemos juntos durante séculos". Isto é o que se ouve dizer.

D. –Na sua opinião, que equilíbrio poderia fazer funcionar sociedades multi-étnicas e multirreligiosas?

R. – Eu acho que antes de tudo a única maneira é aquela de ver a diversidade como uma riqueza e não como um empobrecimento. Este é o primeiro princípio que a história demonstrou: lá onde as nações aceitam de viver na multiplicidade, estas são as nações mais avançadas. A multiculturalidade actual não corresponde à nossa multiculturalidade que tem séculos de vida; este é o primeiro ponto. Seguindo esta linha, aceitar que existem princípios comuns, e portanto, uma Constituição que dá a igualdade a todos, reconhecendo variedades culturais ou estruturais aqui e acolá. O que os cristãos desejam é um sistema que não faça discriminação com base na religião e não faça qualquer tipo de discriminação. Estamos numa fase do mundo árabe muito delicada e difícil. Trata-se de passar de um mundo ditatorial que não praticou a democracia a um mundo democrático que procura reconhecer o valor de cada ser humano no absoluto.








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