Fiéis de cidade mexicana protegem arte sacra de roubos
Cholula (RV) - A cidade de Cholula, a 130 km de Cidade do México, possui cerca
de 80 igrejas. Muitas delas remontam ao século XVII. Suas paredes são repletas de
valiosas pinturas e esculturas. A exposição exibida no Metropolitam Museum of Art
nos anos 90 'México: Esplendor de 30 séculos', despertou o interesse global pela
arte mexicana, e dos ladrões também.
Roubos de arte sacra nunca foram novidade
na cidade. Mas o roubo acorrido em outubro passado, quando ladrões, fazendo uso de
andaimes levaram uma dúzia de imagens, motivou fiéis moradores da região - conhecidos
por seu fervor religioso - a criar grupos de vigilância.
Sistema de vigilância
humana para as igrejas sempre existiu em Cholula desde os tempos coloniais, mas o
aumento dos roubos fez com que algumas igrejas dobrassem o número de voluntários,
inclusive com vigilância noturna. O Pároco Patricio Solis Soriano, da Igreja San Gregorio
Zacapechpan, saqueada em 2010, disse que as pessoas que fazem a vigilância levam armas
de casa e o badalar do sino é o alarme para indicar alguma irregularidade.
Diferentemente
dos pacatos e devotos fiéis, os ladrões tem uma idéia muito precisa sobre o valor
das obras. Segundo uma listagem online da Solheby' s, um grupo de pinturas com temas
religiosos do século XVIII do artista mexicano Miguel Cabrera, foi vendida em 2010
por 362.500 dólares.
Segundo especialistas em arte, é impossível saber quantas
das pinturas mexicanas vendidas no exterior são roubadas, especialmente devido à falta
de uma catalogação das obras. Mesmo assim, o Departamento de Alfândega e Imigração
dos Estados Unidos devolveu ao México recentemente mais de 4 mil artefatos culturais
saqueados, incluindo peças de cerâmica de 1.500 anos atrás.
Os roubos na cidade
de Choulula não somente deixaram as paredes das igrejas vazias, mas também espalharam
melancolia e ceticismo numa comunidade onde antes existia esperança e confiança.