Estado e Igreja ao serviço do bem comum - Bento XVI e Giorgio Napolitano assistiram
a concerto nos 84 anos dos Acordos de Latrão
Ouça aqui... A 11 de Fevereiro
ocorrem 84 anos da assinatura dos Acordos de Latrão, o tratado que regulamentou as
relações entre a Itália e a Santa Sé, reconhecendo a criação do Estado do Vaticano.
Para comemorar este importante acontecimento, a embaixada da Itália junto da Santa
Sé ofereceu ontem, 4 de Fevereiro, um concerto na Sala Paulo VI em homenagem ao Papa
Bento XVI e ao Presidente da República Italiana, Giorgio Napolitano. Na sala habitualmente
utilizada pelo Papa para as audiências semanais das quartas-feiras estiveram em palco
o consagrado Maestro Zubin Metha que dirigiu a Orquestra ‘Maggio Musicale Fiorentino’.
Foram executadas a Ouverture de “A força do destino”, de Verdi (nos 200 anos do nascimento)
e a Terceira Sinfonia, “Heróica” de Beethoven. Numa breve alocução, antes do início
do concerto, o presidente Giorgio Napolitano, aplaudido pelo vasto auditório, comoveu-se
ao evocar os encontros e colóquios tidos com o Papa Ratzinger, “nestes sete difíceis
anos, difíceis não só para o meu país num mundo cada vez mais interdependente”. Falando
daquele “recíproco escutarmo-nos”, Napolitano reconheceu publicamente que muito o
enriqueceu o diálogo mantido com o Papa “sobre a Itália, sobre a Europa, sobre a paz
e sobre a própria política entendida como dimensão essencial do agir humano, sobre
as raízes ideais e morais do empenho político”. Recordando os 84 anos dos Acordos
de Latrão, o presidente italiano congratulou-se com a "serena e confiante cooperação
entre o Estado e a Santa Sé" existente, sempre em vista do bem comum. Por seu
turno o Papa Bento XVI abordou as peças musicais executadas e os respectivos compositores,
referindo Verdi como um músico inquieto, em atitude de procura espiritual e religiosa.
Sobre a Sinfonia de Beethoven, Bento XVI deteve-se no segundo andamento, a célebre
Marcha fúnebre, meditação sobre a morte, que inicia com tons dramáticos e desolados,
mas contém, na parte central, um episódio sereno: o pensamento da morte convida a
refletir sobre o além, sobre o infinito. O Papa Ratzinger evocou o testamento de Heiligenstadt,
de 1802, (período da composição da obra), em que Beethoven escrevia: “Ó Deus, das
alturas Tu vês o meu íntimo e sabes que está repleto de amor pela humanidade e de
desejo de fazer o bem”. “A procura de sentido, que abra uma esperança sólida para
o futuro faz parte do caminho da humanidade” – concluiu Bento XVI.
Antes do
concerto, o Santo Padre e o Presidente Napolitano encontraram-se, numa sala anexa
à Aula Paulo Vi, para um colóquio de 20 minutos. O encontro - refere um comunicado
- foi particularmente intenso, no contexto da conclusão do mandato presidencial, caraterizado
pela grande estima recíproca. Na conversação, não faltaram referências aos principais
temas da situação internacional, em especial às preocupações pela paz nas regiões
mais abaladas do mundo, como o Médio Oriente e a África.