No dia 13
de Janeiro realizaram-se as comemorações do 99° dia dos migrantes e dos Refugiados,
instituído pelo Papa São Pio X em 1914. No documento conciliar “Gaudium et Spes” de
1965, o direito fundamental das pessoas, a emigrar é definido como a possibilidade
de “instalar-se lá onde elas cosiderem que seja o lugar melhor para realizar as próprias
habilidades, aspirações e projectos”.
A Imigração é uma constante da sociedade
moderna, seja a nível global, seja local e é um direito também garantido pela ONU
que o inseriu na “Declaração Universal dos Direitos Humanos”. Trata-se de direitos
“seculares” que também asseguram a plena liberdade de culto e, para os imigrados de
todas as religiões, o direito de sepultar os próprios defuntos.
Por exemplo,
em Roma, junto da Pirâmide Cestia, encontra-se o Cemitério não católico, criado no
século XVIII. Passeando entre os sepulcros, vêm-se nomes e símbolos não só protestantes,
mas também hebreus, gregos, russos, ortodoxos, islamicos, católicos não praticantes
e outros ainda, sem uma confissão religiosa declarada. Ao longo de 250 anos, perto
de 4000 pessoas foram sepultadas naquele lugar. De muitos modos, elas representam
o ilimitado poder de atracção da historia de Roma. O Cemitério torna-se assim em
algo de mais áulico: a conexão entre Roma e um mundo não católico.
A mais
famosa campa escandinava é o testemunho de quanto é que um mundo actualmente não católico
tenha sido católico, antes dos movimentos protestantes, que cortaram as ligações com
Roma, católica: P.A. Munch, histórico norueguês efectuou pesquisas em Roma sobre
a historia medieval norueguesa. Foi o primeiro leigo e não católico a ter acesso
aos arquivos papais. P.A. Munch estava bem consciente de que nem todos os estrangeiros
em Roma alimentavam esse mesmo seu interesse: descobrir aqui os valores da identidade
comum europeia. Para além disso tinha também intuído que a verdadeira integração de
um imigrado deriva do respeito recíproco entre a pessoa que emigra e o contesto social
no qual ela se insere. São os migrantes e a sociedade que devem escolher juntos quais
sejam os aspectos melhores de cada património cultural e religioso para formar uma
comum identidade, através de um diálogo radicado na verdade e no amor.
Como
recordou para esse dia Bento XVI: “o processo de integração implica direitos e deveres”,
seja da parte dos migrantes, seja da parte das sociedades. Tal processo exige, de
facto, “atenção e empenho para a dignidade existencial dos migrantes”, mas também
“atenção da parte dos mesmos imigrantes para com os valores oferecidos pela sociedade
à qual para já eles pertencem”. Neste sentido Roma e o Cemitério não católico podem
dar o seu pequeno-grande contributo. A Construção do Cimitério colocou as bases para
o multiculturalismo e o respeito para com as outras tradições, realizando um grande
símbolo de integração numa pequena área no coração de Roma, que H. James definiu
como “uma mistura de lágrimas e sorrisos, de pedras e de flores, de ciprestes em
luto e de céu luminoso”.
Carl W. Hoher - redação escandinava da Radio Vaticano