2013-02-05 15:11:53

Editorial Europeu: "Roma e o mundo católico"


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No dia 13 de Janeiro realizaram-se as comemorações do 99° dia dos migrantes e dos Refugiados, instituído pelo Papa São Pio X em 1914. No documento conciliar “Gaudium et Spes” de 1965, o direito fundamental das pessoas, a emigrar é definido como a possibilidade de “instalar-se lá onde elas cosiderem que seja o lugar melhor para realizar as próprias habilidades, aspirações e projectos”.

A Imigração é uma constante da sociedade moderna, seja a nível global, seja local e é um direito também garantido pela ONU que o inseriu na “Declaração Universal dos Direitos Humanos”. Trata-se de direitos “seculares” que também asseguram a plena liberdade de culto e, para os imigrados de todas as religiões, o direito de sepultar os próprios defuntos.

Por exemplo, em Roma, junto da Pirâmide Cestia, encontra-se o Cemitério não católico, criado no século XVIII. Passeando entre os sepulcros, vêm-se nomes e símbolos não só protestantes, mas também hebreus, gregos, russos, ortodoxos, islamicos, católicos não praticantes e outros ainda, sem uma confissão religiosa declarada. Ao longo de 250 anos, perto de 4000 pessoas foram sepultadas naquele lugar. De muitos modos, elas representam o ilimitado poder de atracção da historia de Roma. O Cemitério torna-se assim em algo de mais áulico: a conexão entre Roma e um mundo não católico.

A mais famosa campa escandinava é o testemunho de quanto é que um mundo actualmente não católico tenha sido católico, antes dos movimentos protestantes, que cortaram as ligações com Roma, católica: P.A. Munch, histórico norueguês efectuou pesquisas em Roma sobre a historia medieval norueguesa. Foi o primeiro leigo e não católico a ter acesso aos arquivos papais. P.A. Munch estava bem consciente de que nem todos os estrangeiros em Roma alimentavam esse mesmo seu interesse: descobrir aqui os valores da identidade comum europeia. Para além disso tinha também intuído que a verdadeira integração de um imigrado deriva do respeito recíproco entre a pessoa que emigra e o contesto social no qual ela se insere. São os migrantes e a sociedade que devem escolher juntos quais sejam os aspectos melhores de cada património cultural e religioso para formar uma comum identidade, através de um diálogo radicado na verdade e no amor.

Como recordou para esse dia Bento XVI: “o processo de integração implica direitos e deveres”, seja da parte dos migrantes, seja da parte das sociedades. Tal processo exige, de facto, “atenção e empenho para a dignidade existencial dos migrantes”, mas também “atenção da parte dos mesmos imigrantes para com os valores oferecidos pela sociedade à qual para já eles pertencem”. Neste sentido Roma e o Cemitério não católico podem dar o seu pequeno-grande contributo. A Construção do Cimitério colocou as bases para o multiculturalismo e o respeito para com as outras tradições, realizando um grande símbolo de integração numa pequena área no coração de Roma, que H. James definiu como “uma mistura de lágrimas e sorrisos, de pedras e de flores, de ciprestes em luto e de céu luminoso”.


Carl W. Hoher - redação escandinava da Radio Vaticano








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