Cidade do Vaticano (RV) – A semana
que passou, para quem trabalha no mundo da informação, foi muito intensa e certamente
cheia de emoção e comoção. Certamente, todos os dias temos notícias de mortes, de
atentados, de vidas ceifadas em guerras fratricidas, mas quando uma notícia cai no
nosso computador ou a recebemos pela televisão ou rádio e fala da morte de mais de
230 jovens, de uma só vez, e num lugar que deveria ser só alegria, então choca, provoca
comoção e nos faz pensar. Toda a nação brasileira ficou afetada pelo incêndio ocorrido
na cidade de Santa Maria (RS) e que lançou o luto não somente sobre esta cidade universitária,
mas sobre todo o Brasil e por que não dizer sobre o mundo inteiro. Com o luto brota
a dor, a dor das famílias que perderam seus entes queridos na flor da idade, a dor
dos amigos, dos conhecidos e dos desconhecidos. A solidariedade tomou conta dos
meios de comunicação do país e não só do nosso país. A tragédia foi primeira página
em muitos jornais e televisões de meio mundo. Foi uma mobilização em massa. O Papa
Bento XVI enviou um telegrama exprimindo a sua tristeza pela morte de tantos jovens. Muitos
se interrogam: como foi possível isso acontecer? Aí as respostas, os comportamentos
variam muito. Acessei a rede social para ver como os jovens reagiram a esse fato.
As reações foram as mais diversas possíveis: da ansiedade ao medo; da indignação à
resignação; da raiva ao amor; da infinita tristeza à compaixão. Alguns praguejaram
contra as autoridades, outros até mesmo contra Deus. “Como Deus pode permitir uma
coisa dessas?”. Ao mesmo tempo lendo opiniões e frases dos internautas, pude notar
também a grande solidariedade e afeto que todos queriam transmitir aos familiares
das vítimas, sentindo-se também eles, de qualquer modo, parte dessas famílias. A corrente
de oração que brotou em todas as partes do Brasil e fora dele, nos leva a pensar mais
uma vez que em momentos como este, a única âncora de salvação é aquela do mesmo Deus
que muitos se interrogam pelo seu silêncio. Um Deus que não está escondido mas sim
ao lado dos que sofrem. A outra pergunta a ser feita, e muitos a fizeram, é o “que
Deus quer dizer com isso, com o que aconteceu”. Se respondermos na ótica de quem
acredita, podemos dizer que Deus quer que cuidemos da nossa juventude, para que ela
cresça, viva e se torne o futuro do nosso mundo. Uma juventude muitas vezes violentada
nos seus direitos “de ser jovem”, aniquilada pela violência, pela droga, por um futuro
que não se descortina. Que este trágico acontecimento de Santa Maria leve a nossa
sociedade, mas também a nossa Igreja, os nossos movimentos a não somente fazerem perguntas
sobre a nossa juventude, mas sim a produzir respostas que defendam a vida dos nossos
jovens, colocando-os como protagonistas do presente. Neste ano, a Igreja Católica
no Brasil dedica a sua Campanha da Fraternidade ao tema da juventude, no ano em que
teremos a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro. Certamente é um momento
que deve ser aproveitado por todos, católicos e não católicos, para caminhar ainda
mais ao lado da nossa juventude, num período da vida que deve ser de alegria, de descobertas,
de sonhos, e não de tristezas e incertezas. Os jovens de Santa Maria vão ficar nos
nossos corações e nas nossas orações como filhos de um Brasil ferido que deseja celebrar
a vida e jamais a morte. (Silvonei José)