2013-02-02 09:28:35

Editorial: Um Brasil ferido


Cidade do Vaticano (RV) – RealAudioMP3 A semana que passou, para quem trabalha no mundo da informação, foi muito intensa e certamente cheia de emoção e comoção. Certamente, todos os dias temos notícias de mortes, de atentados, de vidas ceifadas em guerras fratricidas, mas quando uma notícia cai no nosso computador ou a recebemos pela televisão ou rádio e fala da morte de mais de 230 jovens, de uma só vez, e num lugar que deveria ser só alegria, então choca, provoca comoção e nos faz pensar. Toda a nação brasileira ficou afetada pelo incêndio ocorrido na cidade de Santa Maria (RS) e que lançou o luto não somente sobre esta cidade universitária, mas sobre todo o Brasil e por que não dizer sobre o mundo inteiro. Com o luto brota a dor, a dor das famílias que perderam seus entes queridos na flor da idade, a dor dos amigos, dos conhecidos e dos desconhecidos.
A solidariedade tomou conta dos meios de comunicação do país e não só do nosso país. A tragédia foi primeira página em muitos jornais e televisões de meio mundo. Foi uma mobilização em massa. O Papa Bento XVI enviou um telegrama exprimindo a sua tristeza pela morte de tantos jovens.
Muitos se interrogam: como foi possível isso acontecer? Aí as respostas, os comportamentos variam muito. Acessei a rede social para ver como os jovens reagiram a esse fato. As reações foram as mais diversas possíveis: da ansiedade ao medo; da indignação à resignação; da raiva ao amor; da infinita tristeza à compaixão. Alguns praguejaram contra as autoridades, outros até mesmo contra Deus. “Como Deus pode permitir uma coisa dessas?”.
Ao mesmo tempo lendo opiniões e frases dos internautas, pude notar também a grande solidariedade e afeto que todos queriam transmitir aos familiares das vítimas, sentindo-se também eles, de qualquer modo, parte dessas famílias. A corrente de oração que brotou em todas as partes do Brasil e fora dele, nos leva a pensar mais uma vez que em momentos como este, a única âncora de salvação é aquela do mesmo Deus que muitos se interrogam pelo seu silêncio. Um Deus que não está escondido mas sim ao lado dos que sofrem. A outra pergunta a ser feita, e muitos a fizeram, é o “que Deus quer dizer com isso, com o que aconteceu”. Se respondermos na ótica de quem acredita, podemos dizer que Deus quer que cuidemos da nossa juventude, para que ela cresça, viva e se torne o futuro do nosso mundo. Uma juventude muitas vezes violentada nos seus direitos “de ser jovem”, aniquilada pela violência, pela droga, por um futuro que não se descortina.
Que este trágico acontecimento de Santa Maria leve a nossa sociedade, mas também a nossa Igreja, os nossos movimentos a não somente fazerem perguntas sobre a nossa juventude, mas sim a produzir respostas que defendam a vida dos nossos jovens, colocando-os como protagonistas do presente. Neste ano, a Igreja Católica no Brasil dedica a sua Campanha da Fraternidade ao tema da juventude, no ano em que teremos a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro.
Certamente é um momento que deve ser aproveitado por todos, católicos e não católicos, para caminhar ainda mais ao lado da nossa juventude, num período da vida que deve ser de alegria, de descobertas, de sonhos, e não de tristezas e incertezas. Os jovens de Santa Maria vão ficar nos nossos corações e nas nossas orações como filhos de um Brasil ferido que deseja celebrar a vida e jamais a morte. (Silvonei José)








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