São Paulo (RV) - A Arquidiocese de São Paulo e o Instituto Vladimir Herzog
promoveram encontro entre religiões monoteístas abraâmicas, dia 25 de janeiro, na
Catedral da Sé. O ato inter-religioso lembrou os 50 anos do Concílio Vaticano II e
da Declaração Conciliar Nostra Aetate, sobre a relação da Igreja com as religiões
não-cristãs.
O ato terminou com uma cantata cênica que recordou os 70 da morte
de Anne Frank, apresentada pela Rede Cultural Luther King com o maestro Martinho Lutero
Galati de Oliveira. Representantes das tradições cristãs, budista, hinduísta, mulçumana,
espírita e de matriz africana estiveram no ato.
“Desde sua fundação, a cidade
foi marcada pela presença e acolhida às diferentes tradições religiosas que sempre
deram sua contribuição para a cidade dos mil povos” - ressaltou cônego José Bizon,
diretor da Casa da Reconciliação e encarregado da Pastoral do Diálogo Ecumênico e
Inter-religioso da Arquidiocese de São Paulo.
Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo
metropolitano de São Paulo, ressaltou a importância do evento na Catedral e recordou
os documentos conciliares: “Deus é honrado se nós, por meio da religião, soubermos
viver o respeito e a valorização recíproca. Cada um tem a própria consciência, onde
se encontra consigo mesmo e com o próximo, assim é necessário valorizar a consciência
humana, pois ali está a dignidade e a liberdade de cada um”.
“Neste momento,
queremos lembrar também a jovem judia Anne Frank e Vladimir Herzog [que morreu em
1975 em decorrência de maus tratos sofridos pelo Departamento de Ordem Política e
Social (DOPS)], que foi pessoa de destaque nos tempos obscuros que o Brasil viveu
durante a ditadura militar”, continuou o Cardeal.
Raul Meyer, membro da diretoria
da Federação Judaica de São Paulo e do Centro de Cultura Judaica, destacou alguns
fatos da história de Anne Frank e lembrou a importância do respeito às culturas: “Anne
foi uma menina que viveu escondida e morreu prematuramente por não ser considerada,
pelos nazistas, pertencente à raça pura. Ser diferente não é ser menos. O que nos
diferencia não tira nosso valor”. “É a primeira vez que o coro se apresenta no
aniversário de São Paulo. Porém, na grande celebração, presidida por dom Paulo Evaristo
Arns, [arcebispo de São Paulo quando morreu Vladimir Herzog], que reuniu milhares
de pessoas na catedral, o coro estava presente”, disse Martinho Lutero, maestro e
fundador da Rede Cultural Luther King.