Aleppo (RV) - "O efeito da condição em que vivemos há mais de um ano é que
nos acostumamos com o horror cotidiano", foi o que disse o Arcebispo de Aleppo dos
católicos armênios, na Síria, Dom Boutros Marayati, descrevendo a situação vivida
pelos habitantes dessa cidade onde foram encontrados, nesta terça-feira, dezenas de
jovens mortos, vítimas de execuções sumárias coletivas.
"Ouvimos sempre novas
notícias de massacres e bombardeios contínuos. Vivemos num estado de tensão e medo
dia e noite, e na luta pela sobrevivência cotidiana em que não há sequer água para
beber e combustível para aquecer as casas. O massacre na universidade alguns dias
atrás, onde perdemos a religiosa Rima, já parece uma coisa distante", frisou Dom Marayati.
Segundo
o arcebispo, os meios de comunicação do governo atribuíram a responsabilidade do massacre
aos jihadistas Jabhat Al-Nusra, enquanto os grupos de oposição da coalizão falaram
de novo terrível massacre perpetrado pelo regime. O prelado de Aleppo destacou que
"a impossibilidade de verificar as dinâmicas reais da dos fatos sangrentos torna ainda
mais alienante a condição da população envolvida no conflito".
"Percebemos
que existe uma deformação de todas as informações. Não podemos confiar naquilo que
se ouve dizer e não existe a possibilidade de verificar os fatos que se realizam a
pouca distância de nossos bairros", disse ainda o Arcebispo de Aleppo.
Segundo
Dom Marayati, ouve-se o barulho das explosões, mas não se sabe quem lança as bombas
e contra quem são dirigidas. "Estamos no meio de uma guerra sem realmente entender
o que está acontecendo. Gostaríamos de saber como e quando tudo isso vai acabar. Pedimos
ao Senhor para que nos guarde e nos proteja", concluiu o arcebispo. (MJ)