Egito, violência faz 32 mortos - tumultos em Port Said após sentença de condenação
à morte
Pelo menos 32 pessoas morreram neste sábado em Port Said, no Egipto, em confrontos
que eclodiram após a notícia da condenação à morte de 21 pessoas que participaram
na violência durante um jogo de futebol no ano passado, entre o Al-Ahly do Cairo,
nessa altura treinado pelo português Manuel José, e o Al-Masry de Port Said. Este
é o episódio de violência mais grave desde a eleição do Presidente Mohamed Morsi,
em Junho. O Governo deu ordem ao Exército para patrulhar Port Said e travar os
confrontos. Entre os mortos estão dois polícias de uma prisão local. Os manifestantes
escolheram a frente do estabelecimento prisional para se manifestarem, pois é lá que
se encontram os 21 condenados à morte. De acordo com a Reuters, há 312 pessoas feridas. A
sessão do tribunal em que foi lida a sentença dos 21 presos foi transmitida em directo
pela televisão, o que acelerou os acontecimentos. A 1 de Fevereiro de 2012, jogavam
em Port Said os clubes Al-Ahly (do Cairo) e Al-Masry quando houve uma invasão de campo.
A polícia não agiu, na altura, limitou-se a fechar as luzes do campo, o que provocou
o pânico, e muitos adeptos do clube do Cairo morreram esmagados. Ao todo, morreram
74 pessoas. As penas de morte têm, agora, que ser confirmadas pelo grande mufti (a
maior autoridade religiosa do país). Na capital egípcia, a sentença foi celebrada
nas ruas, relatam as agências AFP e Reuters. Em Port Said - os condenados à morte
são todos adeptos do clube local -, a resposta foi a violência. Na prisão estão mais
52 adeptos do Al-Masry (cujas sentenças serão conhecidas a 9 de Março) e os adeptos
consideram que a violência no jogo foi instigada por adeptos do antigo Presidente
Hosni Mubarak, tendo-se tratado de um confronto político e não de uma mera questão
de violência clubística. "Isto era necessário", disse Nour al-Sabah, cujo filho
de 16 anos morreu. Os advogados de defesa disseram, no final da audiência em que foi
lida a sentença, que se tratou de uma decisão política "para acalmar o público". "Não
há provas em como estas pessoas tenham feito alguma coisa, pelo que não percebemos
esta sentença", disse, citado pela BBC, um habitante de Port Said, Mohammed al-Daw.
Das 26 pessoas que hoje morreram, dois eram futebolistas, diz a BBC: o ex-guarda-redes
do Al-Masry Tamir al-Fahlah e Muhammad al-Dadhawi, jogador de um clube de uma divisão
inferior de Port Said. Esta vaga de violência em Port Said junta-se à que acontece
no Cairo, onde desde sexta-feira há violentos confrontos entre partidários do Presidente
islamista Mohammed Morsi, opositores e polícias e militares. Uma série de manifestações
violentas marcaram, em várias cidades do país, o segundo aniversário da revolução
que forçou Mubarak (que está internado num hospital militar à espera da repetição
do seu julgamento) a abandonar o poder. Na sexta-feira morreram pelo menos sete pessoas
em Suez e 450 ficaram feridas.