"Os olhos da fé são capazes de ver o invisível" - o Papa Bento XVI na Audiência Geral
Esta manhã o Santo Padre recebeu os peregrinos em Audiência Geral na Sala Paolo VI.
Ouça aqui a sua síntese da catequese e a saudação em língua portuguesa:
Na Sala
Paolo VI o Papa recebeu esta manhã milhares de peregrinos em Audiência Geral. Como
habitualmente dedica os primeiros minutos da audiência para propôr uma catequese.
Hoje deu início a um ciclo de catequeses sobre o Credo. Desde logo pelo príncipio:
O
Credo começa assim: "Eu acredito em Deus..." É uma afirmação fundamental, aparentemente
simples na sua essencialidade, mas que abre ao infinito mundo da relação com o Senhor
e com o seu mistério.
Acreditar em Deus implica adesão a Ele, acolhimento da
Sua Palavra e obediência alegre à sua revelação. Como nos ensina o Catecismo da Igreja
Católica "a fé é um ato pessoal: é a livre resposta do homem à iniciativa de Deus
que se revela". Mas, onde podemos escutar o deus que nos fala? Fundamental é a Sagrada
Escritura, onde a Palavra de Deus faz-se audível para nós e alimenta a nossa vida
de amigos de Deus. Toda a Bíblia fala da fé e ensina-nos a fé narrando uma história
em que Deus leva em frente o seu projeto de redenção. O Santo Padre concretiza estas
afirmações:
Muito belo, neste particular, é o capítulo 11 da Carta aos Hebreus
onde se fala da fé e se colocam em evidência as grandes figuras bíblicas que a viveram,
tornando-se modelo para todos os crentes: A fé é fundamento daquilo que se espera
e prova daquilo que não se vê"
Os olhos da fé são capazes de ver o invisível
e o coração do crente pode esperar para além de cada esperança, precisamente como
Abraão, de quem Paulo diz na Carta aos Romanos "acreditou profundamente na esperança,
contra qualquer esperança". A fé conduz Abraão a percorrer um caminho de paradoxo.
Ele será abençoado mas sem os sinais visíveis da benção. Abraão, o crente, ensina-nos
a fé e é como estrangeiro que nos indica a verdadeira pátria. A fé, assim, faz de
nós peregrinos, inseridos no mundo e na história mas em caminho para a pátria celeste.
Afirmar "Eu creio em Deus", leva-nos a sair continuamente de nós mesmos, como Abraão,
para levar na realidade em que vivemos a certeza que nos vem da fé. O Santo Padre
sintetizou a catequese apresentada e saudou os peregrinos presentes em língua portuguesa.
Queridos irmãos e irmãs, Hoje quero começar a reflectir
convosco sobre o Credo, a nossa Profissão de Fé, que inicia com
estas palavras: «Creio em Deus»; um Deus, que Se revela e fala aos homens, convidando-os
a entrar em comunhão com Ele. Assim no-lo mostra a Bíblia na vida de muitas pessoas.
Uma delas é Abraão, chamado «o pai de todos os crentes». A fé leva-o a percorrer um
caminho paradoxal, pois será abençoado, mas sem os sinais visíveis da bênção. Abraão,
na fé, sabe discernir a bênção divina para além das aparências, confiando na presença
do Senhor mesmo quando os seus caminhos são misteriosos. Os olhos da fé são capazes
de ver o invisível. Também nós, quando dizemos «Creio em Deus», afirmamos como Abraão:
«Entrego-Me nas vossas mãos! Entrego-me a Vós, Senhor!», para fundar em Vós a minha
vida e deixar que a vossa Palavra a oriente nas opções concretas de cada dia.
Amados
peregrinos por rotas e caminhos diversos, mas hoje com paragem comum neste Encontro
com o Papa que vos dá as boas-vindas e saúda, especialmente à tripulação da fragata
«Liberal» do Brasil e à delegação de várias entidades eclesiais e civis comprometidas
na Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro e guiadas pelo Arcebispo local,
Dom Orani. Só de mãos dadas, podereis realizar a travessia… Agradecido pela visita,
dou-vos a minha Bênção, extensiva às vossas famílias.