Cidade do Vaticano
(RV) - Dentro do Quadro Memória Histórica – 50 anos da Abertura do Concílio Vaticano
II, dedicaremos alguns programas ao Papa João XXIII, cujas características pessoais
foram determinantes, não somente para a Convocação do Concílio, mas também pelo clima
que ele criou na Igreja em torno da convocação.
“Um Papa manso e atento, empreendedor
e corajoso, simples e cordial, homem com profundo espírito de oração, homem de paz
e de plena confiança no Senhor”. Estes são apenas alguns dos tantos atributos de João
XXIII, conhecido como ‘o Papa Bom’.
A morte de Pio XII deixou um enorme vazio.
O colégio dos Cardeais, pouco renovado, não parecia um ambiente ideal para sair um
papa com as características adequadas para enfrentar aquele momento vivido pela igreja,
onde cada vez mais era inevitável um embate entre a tradição tridentina, baseada na
defesa da verdade dogmática, moral e disciplina e a modernidade. João XXIII acabou
sendo escolhido como um 'papa de transição' e a história mostrou que ele acabou se
tornando um 'acidente de percurso' na sucessão dos pontífices.
João XXIII acreditava
que a Igreja Católica não devia ser somente uma instituição com leis e doutrinas,
mas acima de tudo, uma autêntica comunhão do gênero humano com o amor de Deus. Ele
também acreditava que era necessária uma renovação da Igreja, fruto da atuação sobrenatural
do Espírito Santo sobre ela. Esta sua confiança e convicção lhe deu a coragem e determinação
para convocar o Concílio Vaticano II. Era 25 de janeiro de 1959, no encerramento da
Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Diante dos Cardeais da Cúria, reunidos
na Sala Capitular da Abadia São-Paulo-Fora-dos-Muros, João XXIII anunciou, de uma
maneira muito simples e natural, o desejo de convocar o Concílio, inspiração esta
atribuída por ele ao Espírito Santo.
Nós conversamos com o Arcebispo de Porto
Alegre, Dom Dadeus Grings, sobre João XXIII. (cf. áudio)
João XXIII é considerado
um do papas mais amados e populares da história, não somente dentro da Igreja Católica,
mas também entre os não-católicos. Ele deixou para o mundo uma imagem do 'bom Pastor',
um 'pai' que quer abraçar e amar todos os homens, independente da religião ou cultura.
Ele recebeu homens de todas as nações e crenças, cultivando um extraordinário sentimento
de paternidade para com todos. Durante as celebrações dos 50 anos de João XXIII, o
papa Bento XVI afirmou que 'a fé em Cristo e na Igreja foi o segredo que fez do beato
João XXIII uma figura mundial da paz' ". (JE)