Obama fez discurso de esperança na tomada de posse do novo mandato presidencial
Barack Obama tomou posse como Presidente dos Estados Unidos com um discurso forte
e programático, no qual apelou à unidade e à mobilização dos americanos para “responder
à chamada da história e transportar para um futuro incerto essa luz preciosa da liberdade”. Após
ter prestado juramento pela segunda vez em dois dias, de novo perante o presidente
do Supremo Tribunal de Justiça, John Roberts, Obama falou à multidão de aproximadamente
800 mil pessoas que o esperava no Mall, a esplanada que se estende em frente ao Capitólio,
em Washington. O primeiro aplauso da multidão aconteceu quando o Presidente disse
que “uma década de guerra” está a acabar e que a economia recomeçou a crescer. “Uma
década de guerra acabou, a recuperação económica começou e as possibilidades da América
são ilimitadas”, disse. Antes, Obama tinha evocado os valores fundamentais da América:
“O que nos faz excepcionais é a nossa fidelidade a uma ideia formulada há 200 anos,
de que todos os homens nascem iguais e têm direitos inalienáveis como a vida, a liberdade
e a busca da felicidade. Hoje continuamos uma jornada sem fim para ligar o significado
dessas palavras à realidade do nosso tempo.” “Sempre entendemos que quando os tempos
mudam, nós temos de mudar”, afirmou. O Presidente evocou “uma geração posta à prova
pelas crises” num discurso em que procurou apelar à mobilização dos americanos para
apoiar a sua agenda política. Obama fez um discurso centrado na acção e na necessidade
de ultrapassar polémicas estéreis, numa referência às divergências permanentes entre
a Casa Branca e o Congresso. Obama enunciou a seguir os pontos-chave da sua agenda,
como as alterações climáticas – “temos que liderar esta transformação em vez de lhe
resistir” – ou os direitos dos imigrantes. Defendeu também as políticas de apoio social
que têm sido contestadas pelos republicanos: “Sabemos que temos de tomar decisões
difíceis para reduzir os custos dos cuidados de saúde e do tamanho do défice. Mas
rejeitamos a crença de que a América tem que escolher entre tomar conta da geração
que construiu este país e investir na geração que construirá este país”. Num discurso
em que fez também uma defesa clara dos direitos dos homossexuais – “a nossa jornada
não estará completa até os nossos irmãos e irmãs gay serem tratados como qualquer
outro perante a lei”. A política externa ocupou apenas uma pequena parte de um
discurso centrado na agenda interna para os próximos quatro anos e no apelo aos cidadãos
para apoiar o Presidente no confronto com um Congresso hostil. Obama defendeu que
“a América permanecerá a âncora das alianças fortes em cada canto do globo” e defenderá
a propagação da democracia, fazendo a defesa do pacifismo: “Acreditamos que a paz
e a segurança duradouras não requerem a guerra perpétua”, afirmou.