Foi numa manhã
fria e húmida que o Santo Padre se dirigiu, da janela do seu apartamento no Palácio
Apostólico, aos milhares de peregrinos que vieram à Praça de S. Pedro para o saudar.
A liturgia de hoje (dia 20) propõe-nos o Evangelho das Bodas de Canã. O episódio narrado
por S. João, verdadeira testemunha ocular, é o início dos sinais que Jesus nos dará,
o primeiro milagre com o qual se manifesta em público a sua glória suscitando a fé
dos seus discípulos. Este capítulo fundamental da vida de Cristo está colocado neste
domingo precisamente por ser aquele que sucede ao tempo de Natal logo a seguir à Epifania
e ao Baptismo de Jesus.
Nas Bodas de Canã acontece algo inesperado, mas possível
de acontecer nos matrimónios hebreus, faltou o vinho... Maria, Mãe de Jesus disse-o
a seu filho e Ele considerou que não tinha chegado ainda a sua hora. Contudo, depois
seguiu a solicitação de Maria e fez encher de água seis ânforas. Essa água transformou-se
em vinho, um vinho ainda melhor daquele precedente. Um milagre que o Papa comenta
desta forma:
"Com este sinal Jesus revela-se como o esposo messiânico, que
veio estabelecer com o seu povo um eterna aliança, segundo a palavra dos profetas:
"Como se alegra o esposo pela sua esposa, assim o teu Deus se alegrará por ti".
O
vinho é o símbolo da alegria do amor mas refere-se também ao sangue, que Jesus versará
no final na Cruz, para confirmar o seu pacto nupcial com a humanidade. A Igreja é
a esposa de Cristo, o qual a faz santa e bela com a sua graça. Todavia é uma esposa,
formada por seres humanos e sempre necessitada de purificação e uma das suas mais
graves culpas é a separação entre os cristãos. A isto se refere o Papa:
"Precisamente
nestes dias de 18 a 25 de Janeiro acontece a Semana Anual de Oração pela Unidade dos
Cristãos, um momento sempre muito do agrado dos crentes e das comunidades, pois reacende
em todos o desejo e o empenho espiritual para a plena comunhão. Neste sentido foi
muito significativa a vigília que celebrei no mês passado nesta praça com milhares
de jovens de toda a Europa com a Comunidade Ecumenica de Taize: um momento de graça
em que experimentamos a beleza de formar uma coisa só em Cristo."
No seguimento
destas palavras o Papa convidou todos a rezarem para que o tema desta Semana proposto
por algumas comunidades da Índia que nos convida a caminhar decididamente para a unidade
visível entre cristãos e a superar, como irmãos em Cristo, todo o tipo de injusta
discriminação. E, assim, o Santo Padre marcou encontro para a próxima sexta-feira
(dia 25) na Basílica de S. Paulo Fora de Muros para as Vésperas a que presidirá com
a presença dos representantes das outras igrejas e comunidades eclesiais.
Após
o Angelus e nas saudações nas várias línguas o Papa Bento XVI presenteou-nos com uma
saudação em português, expressamente referindo-se à presença de Dom Gilberto, Bispo
de Setúbal e um grupo de diocesanos.
Dirijo agora uma saudação cordial aos
peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente ao Senhor Bispo Dom Gilberto com os
seus fiéis da diocese de Setúbal, sobre todos invocando a solicitude materna da Virgem
Maria para que, em cada lar cristão, se mantenha viva a chama da fé, do amor e da
concórdia, como suma e preciosa herança cuja entrega aos filhos deve acontecer em
vida dos pais. A todos vós, às vossas famílias e às vossas terras: saúde, paz e a
graça do Senhor, com a minha Bênção!