Belo Horizonte (RV) - Há exatamente um ano, em janeiro de 2012, brilhou um
sinal de esperança no horizonte da sociedade mineira, fruto da articulação de diferentes
segmentos na produção da “Agenda de Convergência para o desenvolvimento de Minas -
Resposta das entidades empresariais, governo do Estado e base legislativa”. Esse sinal
de esperança é, da parte dos articuladores, compromisso com uma agenda que deve se
tornar, paulatinamente, uma convicção cidadã.
Obviamente, é importante que
segmentos governamentais e empresariais se posicionem e reconheçam a obrigação, no
uso e exercício de seu poder próprio, de ajudar mais decisivamente na construção da
sociedade contemporânea, alicerçando um futuro diferente e promissor. Mas são indispensáveis
a consciência, o posicionamento e a permanente participação dos cidadãos, para que
se apresse o alcance de metas que já estão atrasadas. É preciso avançar em diferentes
áreas. No cumprimento e promoção de direitos, no respeito ao meio ambiente e, também,
no reconhecimento da força singular da cultura mineira.
A recordação do aniversário
de um ano desta Agenda de Convergência é oportunidade para avaliar em que medida houve
progressos na execução de metas da mais requerida demanda: o aumento de uma convicção
cidadã diante de necessidades urgentes. De fato, é questão de cidadania o atendimento
imediato de necessidades como a duplicação de estradas, as chamadas “rodovias da morte”,
a resolução dos problemas de mobilidade urbana, comuns às grandes regiões metropolitanas,
um desrespeito aos trabalhadores e demais cidadãos, tratados pela realidade dos transportes
de maneira tão inadequada. Também é preciso superar o déficit educacional, verdadeira
agressão à cidadania. Não menos emergenciais são os recursos para a saúde, desenvolvimento
econômico e defesa social.
O desrespeito às necessidades, em razão de atrasos
nos investimentos, na conclusão de obras ou na consideração das demandas, deve mexer
com os brios de todos os cidadãos. Cada um, com sua voz, deve colaborar para a configuração
de uma cultura comum, participativa, com força para que não se conte mais um ano sem
resultados mais significativos. Para isso, é preciso superar morosidades em decisões
que já deveriam ter sido tomadas com inteligência e rapidez, bem como convencer cada
um a participar mais. Neste sentido, é preciso ancorar-se na força da identidade mineira,
para efetivar avanços e conquistas, suprir lacunas que vêm de um passado já distante
e estabelecer raízes para um futuro à altura da vocação política, religiosa e cultural
de Minas Gerais.
A responsabilidade de perseguir o bem comum, como o atendimento
de demandas essenciais elencadas numa Agenda de Convergência para o desenvolvimento,
deve ser partilhada por todos. Urgente é a participação de lideranças políticas e
de construtores diversos da sociedade pluralista. Uma força indispensável, capaz de
não deixar amarelar no papel as intenções e as necessidades de tanta urgência e importância.
Nova cultura, sentido do bem comum, amor leal à própria terra e ao seu povo têm força
para efetivar uma agenda cidadã.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo Arcebispo
metropolitano de Belo Horizonte