2013-01-17 16:33:19

UNESCO pedirá explicações ao governo brasileiro sobre demolição do Museu no Índio


Rio de Janeiro (RV) - A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) enviará uma carta ao governo brasileiro solicitando explicações sobre a provável demolição do antigo Museu do Índio, nos arredores do Maracanã, disse à BBC Brasil um porta-voz da entidade.

O governo do Rio de Janeiro, com apoio da prefeitura da cidade, decidiu demolir o prédio, construído em 1862, para as obras de mobilidade no entorno do Estádio do Maracanã. A FIFA já informou à Defensoria Pública da União - que briga na Justiça para impedir a derrubada do edifício - que não exigiu a retirada do prédio do local. A intenção do governador e da prefeitura também contraria a orientação do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural, que pede a preservação do prédio de 150 anos.

Em julho do ano passado, as paisagens urbanas do Rio de Janeiro 'entre a montanha e o mar' se tornaram patrimônio da humanidade. As regiões protegidas do Rio pela UNESCO são inúmeras e reúnem áreas como o Parque Nacional da Tijuca, o Jardim Botânico, o Corcovado e as paisagens de Copacabana.

“Vamos verificar se a área do prédio que deve ser demolido integra a região do Rio de Janeiro que faz parte da lista do patrimônio mundial da UNESCO”, afirma Roni Amelan, do Setor de Relações Externas e Informações Públicas da Unesco.

“Na prática, se o espaço ocupado pelo antigo museu do Índio não se situar na região protegida pelo patrimônio mundial da Unesco, a entidade não poderá agir 'para não interferir na soberania nacional' do Brasil”, afirma Amelan. Por outro lado, “se o prédio estiver na área inscrita na lista do patrimônio, o Brasil tem a obrigação legal de preservá-la”, adverte a porta-voz .

“A Unesco lembra que o Brasil assinou a convenção do patrimônio mundial, cultural e natural, de 1972, e, por este motivo, tem também a obrigação moral de respeitar o patrimônio de maneira geral', afirma.

Amelan também ressalta que o comitê do Patrimônio Mundial da Unesco defende há anos a necessidade de incluir as comunidades locais no processo de preservação do patrimônio cultural, associando-as à proteção do local. “No passado, houve casos em que, para preservar um prédio, comunidades foram afastadas da área. A preservação do patrimônio deve levar em conta as populações locais', diz Amelan.

O antigo prédio do Museu do Índio está ocupado por dezenas de índios de diferentes etnias e integrantes dos movimentos sociais, ameaçados atualmente de expulsão. A carta solicitando informações será enviada à representação diplomática do Brasil na Unesco, em Paris. A resposta das autoridades brasileiras será examinada pelo comitê do patrimônio mundial da Unesco, que se pronunciará sobre a questão. (JE)







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