Cidade do Vaticano
(RV) - No âmbito das comemorações dos 50 anos do Concílio Vaticano II, o Programa
Brasileiro da Rádio Vaticano, dentro do Espaço de Formação e Aprofundamento, passa
a dedicar o Quadro Memória Histórica ao Concílio que buscou introduzir a Igreja no
mundo moderno. Neste primeiro programa, faremos uma breve introdução sobre o tema.
“...Com
estas palavras, o papa João XXIII inaugurava, em 11 de outubro de 1962, o Concílio
Vaticano II. E já no seu discurso inaugural, traçava as linhas que deveriam guiar
as discussões dos padres conciliares: o concílio deveria ser pastoral, ecumênico e
realizar uma atualização da doutrina da Igreja face a sociedade contemporânea.
O
Concílio, que foi convocado por João XXIII em 25 de dezembro de 1961, através da Bula
Humanae salutis, se estendeu até 8 de dezembro de 1965. Foi o Concílio mais
representativo dos 21 realizados na história da Igreja, reunindo 2.850 padres conciliares.
Todos os bispos, patriarcas, superiores de ordens e de comunidades religiosas foram
convidados. Em média, 2.400 deles estavam presentes em cada sessão. Eram provenientes
de 116 países e 65% não eram europeus. Episcopados inteiros não puderam participar,
impedidos por governos de regimes comunistas na China, Coréia do Norte, Vietnã e União
Soviética.
João XXIII e, posteriormente Paulo VI, nomearam 487 teólogos para
aconselhar os bispos. A estes se pode acrescentar cerca de cem observadores de outras
Igrejas e 42 leigos ouvintes, incluindo sete mulheres que puderam acompanhar os debates.
O
objetivo do Concílio foi discutir a ação da Igreja nos tempos modernos. Diferentemente
dos outros, mais focados na definição de verdades de fé e moral, o Concílio Vaticano
II procurou discutir o papel mais participativo da fé católica na sociedade, com atenção
voltada para os problemas sociais e econômicos, diálogo inter-religioso e com a sociedade
como um todo.
O próprio Papa João XXIII teve o cuidado de mencionar a diferença
e a especificidade deste Concílio: “a Igreja sempre se opôs a erros; muitas vezes
até os condenou com a maior severidade. Agora, porém, a esposa de Cristo prefere usar
mais o remédio da misericórdia do que o da severidade. Julga satisfazer melhor às
necessidades de hoje mostrando a validade da sua doutrina do que renovando condenações”.
Assim,
o Concílio não visava condenar heresias nem proclamar nenhum dogma. O Concílio desejava
apenas oferecer uma nova orientação pastoral á Igreja e uma nova forma de apresentar
e explicar os dogmas católicos ao mundo moderno, mantendo a fidelidade à Tradição.
A
esse propósito, o próprio Papa João XXIII afirmou que “o que mais importa ao Concílio
Ecumênico é que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de
forma mais eficaz”. Para satisfazer sua intenção, o Papa queria ardentemente que a
Igreja mudasse de mentalidade, para melhor enfrentar e acompanhar as transformações
do mundo moderno.
Os temas abordados durante o Concílio Vaticano II foram divididos
em quatro sessões, realizadas sempre de setembro a dezembro. Durante este período
houveram 10 sessões plenárias públicas, sendo as demais, 168 ao todo, abertas a um
público restrito de observadores e ouvintes.
O beato Papa João XXIII participou
apenas da primeira sessão, pois morreu em 3 de junho de 1963. Paulo VI tornou-se papa
em 21 de junho de 1963 e convocou, para setembro do mesmo ano, a segunda sessão, participando
também das sessões seguintes e da conclusão do Concílio. (JE)