Editorial: Um convite para trabalhar pelo bem comum
Cidade do Vaticano (RV) – Também
neste início de ano o Papa Bento XVI lançou o seu olhar sobre os grandes temas que
afligem povos e nações nos quatro cantos do mundo. A oportunidade, como nos anos precedentes,
foi a audiência que o Pontífice concedeu na Sala Regia, no Vaticano os membros do
Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé para as felicitações de novo ano. No
seu longo e denso discurso Bento XVI mais uma vez tocou questões que dizem respeito
à vida de milhões de pessoas com a única preocupação de preservar o grande valor da
vida. O Papa falou de países em guerra – Síria, Terra Santa, Iraque, Líbano; falou
da construção da paz que parte da vida. O Pontífice afirmou, ainda, que “num mundo
de fronteiras cada vez mais abertas, construir a paz através do diálogo não é uma
opção, mas uma necessidade!”. Sublinhou que verdade, justiça e paz mão são utopias
que se excluem entre elas, mas para o cristão é o contrário, pois não pode existir
paz sem verdade; e mais uma afirmação, a violência nasce da negação de Deus. No
seu discurso Bento XVI não deixou de tocar temas como o respeito pela liberdade religiosa,
e a colaboração entre todos os segmentos da sociedade. Sobre o fanatismo de ordem
religiosa, que continua a fazer vítimas, o Santo Padre voltou a sublinhar que se trata
de uma “falsificação da própria religião", já que a religião visa reconciliar o homem
com Deus, tornando claro que cada homem é imagem do Criador. Falou ainda sobre as
suas viagens ao México, Cuba e Líbano. Outro pilar das palavras do Santo Padre
foi a crise econômica e financeira que atinge muitos países no mundo, com referência
especial aos países europeus. É necessário recuperar o sentido do trabalho e de um
lucro a esse proporcionado. O lucro com muita frequência, foi absolutizado em detrimento
do trabalho, e muitos se aventuraram desenfreadamente pelos trilhos da economia financeira
em vez da real. O Papa pede para não se concentrar na contratação financeira deixando
de lado a “contração do bem-estar social”. Um discurso amplo no qual o Papa sublinha
mais uma vez que a dimensão católica da Igreja, que a leva a abraçar todo o universo,
não constitui, uma ingerência na vida das diversas sociedades, mas serve para iluminar
a reta consciência dos seus cidadãos e convidá-los a trabalhar pelo bem de cada pessoa
e o progresso do gênero humano. Alguns dados sobre a diplomacia vaticana: Em
1900 a Santa Sé mantinha relações diplomáticas com 20 países, hoje são 179. No Pontificado
de Bento XVI foram iniciadas relações com 5 novos países: Montenegro, Emirados Árabes
Unidos, Botswana, Federação Russa e Malásia. Os Núncios Apostólicos são 99: 48 italianos.
Oito países não mantêm relações diplomáticas com a Santa Sé: Afeganistão, Arábia Saudita,
Butão, China Popular, Coréia do Norte, Maldivas, Omã e Tulavu, na Polinésia. (Silvonei
José)