Moscou (RV) – A partir de 1° de setembro a disciplina de educação religiosa
será obrigatória em toda a Rússia. É o que prevê uma lei promulgada pelo Presidente
Vladimir Putin e que no final de dezembro havia sido aprovada pela Duma e pelo Conselho
das Federações. O jornal “The Moscow Time” observa que esta nova lei revela o bom
relacionamento entre o Governo e a Igreja ortodoxa Russa. A lei aprovada nada mais
é do que uma ampliação de uma lei precedente de fevereiro de 2012, quando Putin era
Primeiro-Ministro. Na época, ele assinou um decreto que previa o ensinamento religioso
em todas as instituições públicas de educação elementar. A inovação foi saudada
pelos representantes da comunidade religiosa, que já em 2009 realizava algumas experiências
em algumas escolas de ensino médio de algumas regiões do país, envolvendo cerca de
meio milhão de crianças e estudantes, 20 mil professores e 30.000 instituições de
ensino. Concomitante, o Ministério da Educação já preparava professores de religião. O
decreto de fevereiro de 2012 previa a obrigatoriedade de disciplinas como “fundamentos
de cultura religiosa” e “fundamentos da ética pública”, para estudantes das escolas
elementares. Como alternativa, havia a possibilidade de freqüentar lições, escolhendo
entre 4 religiões “tradicionais”: cristianismo ortodoxo, islamismo, judaísmo e budismo. O
Governo russo, em encontros oficiais com as comunidades religiosas, sempre enfatizou
que o ensino religioso nas escolas não renega o princípio de laicidade do Estado,
presente da Constituição. E assegurou ainda, que não tem nenhuma intenção de interferir
nas atividades das organizações religiosas. Por outro lado, a reintrodução do ensino
religioso, banido pelo governo soviético, também recebeu críticas, como a falta de
professores qualificados e de livros de textos adaptados para este fim, além do perigo
de as crianças serem divididas em grupos segundo sua fé religiosa. Um certo ceticismo
provocado no mundo laico porém, não é partilhado pelas comunidades religiosas. O Patriarcado
ortodoxo, assim como a comunidade muçulmana, demonstrou total apoio ao projeto. A
Igreja Ortodoxa russa afirmou que “o ensino religioso nas escolas é um elemento fundamental
na formação da personalidade do indivíduo e uma contribuição essencial na consolidação
da paz entre as religiões e a sociedade”. Em um encontro realizado em fevereiro
passado na sede do Patriarcado, o Presidente do Departamento de Relações eclesiásticas
Externas, o metropolita de Volokolamsk, Hilarion, afirmou que “os frutos desta escolha
serão colhidos no futuro, quando se poderá constatar uma melhoria no clima moral da
sociedade russa”. As novas regras fazem parte de uma ampla reorganização no setor
educacional, que prevê o pagamento aos professores de um salário mínimo baseado na
economia das diferentes regiões, além de um adicional pelos deslocamentos em áreas
mais remotas.(JE)